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A relação entre mídia e o fomento de debates relevantes para o desenvolvimento social é das mais complexas. Os conglomerados de comunicação carregam duas obrigações que nem sempre se equilibram.
No Brasil, todas as emissoras de rádio de TV têm sua transmissão realizada por meio de uma concessão pública. Ou seja, a comunicação é, acima de tudo, um serviço público. De acordo com a Constituição de 1988, os veículos de comunicação devem atender uma série de requisitos para manter o contrato em vigor. Entre eles, está a chamada responsabilidade social.
Entretanto, ao mesmo tempo em que carregam consigo a obrigação de trabalhar pelo desenvolvimento e o fomento de debates que auxiliem no desenvolvimento social, os veículos de mídia também são empresas. Isso quer dizer que dependem do lucro e de acordos comerciais para garantir se sustentarem.
A pergunta que paira no ar é a seguinte: Até que ponto conceitos empresariais e jornalismo se confundem?
Chance the Rapper está propondo uma nova formação midiática
Para Muniz Sodré, jornalista e professor da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), “a mídia é a soma do suporte técnico, mercado e capitalismo transnacional. A mídia é uma mediação tecnologizada com regras próprias”.
A notícia envolvendo o rapper norte-americano Chance the Rapper, que anunciou a compra de um site de notícias de Chicago, o Chicagoist, joga mais luz sobre este complexo tema.
O veículo de comunicação pertencia a um conglomerado de mídia idealizado pelo empresário Joe Ricketts e agora é gerenciado por um dos principais nomes do cenário da música norte-americana. Natural da própria Chicago, Chancelor Bennett – seu nome de batismo, ganhou notoriedade nos últimos tempos pela adoção de uma postura combativa diante da atuação do racismo nas estruturas sociais dos Estados Unidos.
“Comprei o Chicagoist apenas para que vocês, cachorros racistas, saiam do negócio”, rima enquanto uma voz feminina canta repetidamente ‘fuck you’ (vá se foder). O texto faz parte da nova canção do rapper de 25 anos, ‘I Might Need Security’, crítica direta aos meios de comunicação de Chicago, em especial o Chicago Sun-Times.
A notícia expandiu o debate sobre jornalismo nos Estados Unidos. Assim como no Brasil, o país norte-americano vem pautando nos últimos tempos questões importantes como o racismo, conservadorismo e feminismo.
Neste sentido muitos artistas, caso de Beyoncé e Jay-Z, se colocam na linha de frente e fazendo uso da enorme visibilidade para a transferência do protagonismo. E qual o instrumento utilizado por eles? Exatamente, a comunicação é imprescindível para atingir os objetivos.
No caso de Chance the Rapper existe um elemento interessante, a união de um artista com grande poder financeiro e envolvimento com ativismo. Mesmo que ele negue. Em recente declaração sobre o assunto, Chance se colocou distante deste rótulo. O rapaz preferiu se descrever como um entusiasta do jornalismo.
“Quero oferecer ao povo de Chicago uma mídia independente e concentrada em amplificar a diversidade de vozes”, declarou em coletiva de imprensa.
A fala dá muitas pistas sobre o poder de conscientização de um homem, que se utiliza do poder financeiro para abalar estruturas sociais históricas. Chance the Rapper, além de investir na multiplicidade de vozes, está contribuindo para a mudança de um jornalismo dominado por homens brancos.
Em entrevista ao New York Times, Munson Steed, executivo chefe da agência responsável pela publicação da Revista Rolling Stone, enxerga com bons olhos o movimento de Chance, que segundo ele vai incentivar o surgimento de jornalistas negros. “Isto não poderia acontecer sem isso [a compra do Chigaoist]”, relata.
Apesar de elogios vindos de empresários de comunicação, o início da trajetória de Chance the Rapper no mercado midiático suscita algumas dúvidas. Ao longo de sua carreira, o músico não teve uma boa relação com a imprensa e no passado esteve envolvido em alguns conflitos com a MTV, por exemplo.
Em artigo publicado na revista Billborad, Lyndsey Havens questiona a manutenção ou não da isenção do Chicagoist no que diz respeito a publicação de possíveis notícias negativas sobre Chance.
“Será que eles vão manter a imparcialidade? Talvez a resposta dependa do envolvimento de Chance. Na superfície fica a impressão de que ele fez algo bom: apoiou o jornalismo local. Mas durante a cobertura de algo que possa repercutir negativamente na carreira e Chance, como será a cobertura?”
Os efeitos desta transformação só o tempo irá dizer, contudo dá pra adiantar que o tabuleiro midiático já não é o mesmo de tempos atrás.
Se Chance será ou não o mais novo magnata da comunicação ainda não somos capazes de prever. Daqui, com humildade, só pedimos para que eles continue nos abençoando com suas bençãos.
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