Arte

Passamos a sexta-feira 13 com Hitchcock no MIS. E aqui vão (alguns) segredos do mestre do suspense

18 • 07 • 2018 às 06:16
Atualizada em 18 • 07 • 2018 às 20:15
Gabriela Rassy
Gabriela Rassy   Redatora Jornalista enraizada na cultura, caçadora de tendências, arte e conexões no Brasil e no mundo. Especializada em jornalismo cultural, já passou pela Revista Bravo! e pelo Itaú Cultural até chegar ao Catraca Livre, onde foi responsável pelo conteúdo em agenda cultural de mais de 8 capitais brasileiras por 6 anos. Roteirizou vídeo cases para Rock In Rio Academy, HSM e Quero Passagem, neste último atuando ainda como produtora e apresentadora em guias turísticos. Há quase 3 anos dá luz às tendências e narrativas culturais feministas e rompedoras de fronteiras no Hypeness. Trabalha em formatos multimídia fazendo cobertura de festivais, como SXSW, Parada do Orgulho LGBT de SP, Rock In Rio e LoollaPalooza, além de produzir roteiros, reportagens e vídeos.

“Entre por sua conta e risco” já avisa a entrada. Não é por menos. Com abertura propícia e virando a madrugada de uma sexta-feira 13, o mestre do cinema de terror, o diretor inglês Alfred Hitchcock (1899-1980). Autor de uma série de sucessos do estilo, como “Psicose”, “Os Pássaros” e “Um Corpo que Cai”, o cineasta é o homenageado da vez no programa do MIS – Museu da Imagem e do Som de São Paulo. O espaço que já recebeu as mega exposições do Castelo Rá-Tim-Bum, de Silvio Santos e David Bowie agora volta ao tema do cinema para contar como era o aclamado diretor atrás das câmeras.

Sons aterrorizantes de facas, uivos, portas que rangem. Passar a madrugada no MIS percorrendo a mostra “Hitchcock – Bastidores do Suspense” numa noite tão significativa é uma experiência intensa. Cada sala temática conta a história de um longa, sempre com entrada forrada dos mais lindos cartazes. Feitos com desenhos em vez de fotos, os mais antigos já valem a visita. Quem ama design vai pirar nesta parte, já que muitos dos anos 50 e 60 são do período conhecido como a Escola do Cartaz Polonês – são perfeitas obras de arte estranhas e abstratas levando o nome de “Alfreda Hitchcocka” para ao mundo.

Cartaz de "Um Corpo que Cai", um filme clássico sobre morte

Cartaz de “Um Corpo que Cai”, um filme clássico sobre morte

Seguindo pelos dois andares da mostra, a cada quarto temático vemos uma série de trechos dos filmes, além de curiosidades dos bastidores de cada produção. Um labirinto cinematográfico, cheio de portas, cortinas e sombras, bem no clima das produções de Hitchcock. Maquete de “A Mulher Oculta”, um telefone que toca, lustres que se mexem sozinhos e até um chão instável que lembra o telhado de “Um Corpo que Cai” – aliás um dos meus cartazes favoritos. Dá vontade de ver todos os filmes completos! Os trechos das obras aparecem em pequenas janelas indiscretas, em projeções em contra-luz e até dentro de um baú – como do filme “Festim Diabólico”, de 1948. Este último, aliás, tido como plano sequência por completo, na verdade tem, sim, discretos cortes mostrados nos textos e imagens de bastidores.

Cena de “Festim Diabólico”

Durante o percurso tem ainda a indicação de uma playlist assustadora no Spotify para quem quiser ouvir trilhas e informações que permeiam toda a carreira do cineasta. Vale curtir a sequencia mesmo durante o percurso – tem wifi gratuito disponível para todos os visitantes.

Uma curiosidade interessante é sobre o trabalho do diretor em parceria com o pintor Salvador Dalí. Daí saíram os cenários surrealistas do longa “Quando Fala o Coração” – já anote na sua lista de filmes. Outro destaque muito legal está no final da exposição: escolha entre sair tranquilamente pelas escadas, passando aceitar o desafio do scape room para escapar dos corredores do Bates Motel, um dos cenários de “Psicose”, de 1960 – esta parte fica de surpresa para quem encarar participar. Os amantes desse clássico podem ainda posar para uma foto entrando na famosa cena do chuveiro e levar a imagem impressa para casa.

A exposição, que tem curadoria de André Sturm, ex-diretor do museu e atual secretário municipal de Cultura, não tem objetos de cena originais. Foi tudo produzido aqui, então a ideia ficou mais na recriação dos espaços e cenários que lembrassem as obras. Nisso se destaca a única área de figurinos assinados pela estilista Edith Head, que recebeu oito vezes o Oscar de Melhor Figurino. Alguns vestidos e trajes icônicos usados pelas divas e estrelas dos filmes de Hitchcock, como Grace Kelly, Kim Novak e Edith Atwar. Todos impecáveis e rodeados por fotos das musas que os usaram.

Paralelamente à exposição, o MIS-SP tem toda uma programação sobre na vida e obra de Alfred Hitchcock. Já começou com uma maratona de filmes, mas quem perdeu já pode ficar de olho na próxima, que rola em setembro. Além dos filmes, rola lançamento de livro, curso, palestras e edições especiais de eventos que ocorrem regularmente no museu, como o Cinematographo e a Maratona Infantil. Todos os detalhes estão disponíveis no site do museu.

“Hitchcock – Bastidores do Suspense”
De 13 de julho a 21 de outubro
Terça a sábado, das 10h às 21h. Domingo e feriados, das 11h às 19h.
Museu da Imagem e do Som – Avenida Europa, 158, Jardim Europa, São Paulo
R$ 12 (inteira) e R$ 6 na recepção do MIS. Terças-feiras entradas gratuitas. Menores de 5 anos não pagam

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