Debate

Novo governo do México vai pedir à ONU a descriminalização da maconha

27 • 08 • 2018 às 10:43 Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

A eleição de Andrés Manuel Lopez Obrador como próximo presidente do México promete representar mudanças profundas no país. Depois de anunciar que receberá o equivalente a somente 40% do que seu antecessor e atual presidente Enrique Peña Nieto recebe de salário, agora foi a vez da próxima secretária de governo mexicana, Olga Sánchez Cordero, apontar outro diferencial que a próxima administração pretende estabelecer: em um fórum bancário na semana passada, Cordero anunciou que pretende levar à ONU o debate pela legalização das drogas como proposta integrada internacional.

Cordero ao lado do presidente eleito Obrador

“Queremos propor às Nações Unidas uma pauta interpretativa para conseguir a descriminalização das drogas em nosso país”, ela disse. O plano da futura secretaria e ex-ministra do Supremo mexicano é descriminalizar o uso da maconha e o uso medicinal da papoula no país, mas sua visão reconhece no problema das drogas algo que supera as fronteiras de qualquer país, e que precisa ser visto numa perspectiva internacional e regional. “Temos tratados internacionais desde 1970 extremamente rígidos no combate às drogas. É hora de propor uma reinterpretação, pelo menos, desses tratados internacionais. São tratados punitivos em matéria de drogas, extremamente rígidos”, afirmou Cordero.

Cordero durante sua fala no fórum

Um dos aspectos mais controversos da proposta é o de anistiar alguns crimes ligados ao problema das drogas. Os detalhes de tal anistia ainda não foram revelados, mas a jurista deu como exemplo casos de jovens presos por posse de algumas gramas de maconha, ou de mulas, pessoas que atravessam a fronteira com os EUA com drogas, muitas vezes no entanto sem sequer saber a carga que estão carregando.

Segundo Cordero, a atual política de combate é ineficaz: o México consegue confiscar somente entre 3% e 8% das drogas atravessam o país rumo aos EUA, enquanto os cartéis lavam anualmente cerca de 25 bilhões de dólares. O problema do tráfico por lá é imenso, e já deixou um número aterrorizados de vítimas. Olga Sánchez Cordero é declaradamente a favor da descriminalização da maconha desde que era ministra do Supremo, e sua presença na equipe de Obrador já era vista como um indicativo de novas propostas sobre o problema das drogas no país.

A ministra quando estava no Supremo

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