Criatividade

Protagonismo feminino – e bons drinks – ganham espaço no bar Eugênia

30 • 08 • 2018 às 21:25
Atualizada em 03 • 09 • 2018 às 12:17
Gabriela Rassy
Gabriela Rassy   Redatora Jornalista enraizada na cultura, caçadora de tendências, arte e conexões no Brasil e no mundo. Especializada em jornalismo cultural, já passou pela Revista Bravo! e pelo Itaú Cultural até chegar ao Catraca Livre, onde foi responsável pelo conteúdo em agenda cultural de mais de 8 capitais brasileiras por 6 anos. Roteirizou vídeo cases para Rock In Rio Academy, HSM e Quero Passagem, neste último atuando ainda como produtora e apresentadora em guias turísticos. Há quase 3 anos dá luz às tendências e narrativas culturais feministas e rompedoras de fronteiras no Hypeness. Trabalha em formatos multimídia fazendo cobertura de festivais, como SXSW, Parada do Orgulho LGBT de SP, Rock In Rio e LoollaPalooza, além de produzir roteiros, reportagens e vídeos.

Procurando representação? Em Pinheiros uma casa nova traz isso de bandeja – ou em belas taças. O Eugênia Café Bar é um respiro em meio às opções da cidade. Em um ambiente acolhedor, todos os detalhes giram em torno do protagonismo feminino. A charmosa casa tomou o lugar de uma das tantas lojas de móveis no entorno da Teodoro Sampaio em julho deste ano e deu nova cara ao ponto.

Logo na entrada, o ambiente se mostra receptivo. Mulheres cuidam de todo o atendimento, do bar à direção. No balcão, a barista Paula Grati e a bartender Flavia Suppi comandam as bebidas. O cardápio apresenta clássicos, como Gin Tônica e Blood Marry, mas também criações com nomes maravilhosos. O Clitória (R$ 28) leva gin infusionado com uma flor asiática de tonalidade azul, que dá nome ao drink, licor Saint Germain e limão-siciliano. “A Clitória varia entre roxo e azul, então essa é a parte mágica: a cada safra, o drink muda de cor”, conta Flavia.

Clitória e Rita no balcão do Eugênia

Clitória e Rita no balcão do Eugênia

O sucesso da casa é o Rita, que segundo a bartender “roubou a cena da carta”. Ele leva bourbon Bulleit e canela raspada na hora. Eu gostei especialmente do Samira, que é feito de vodca, xarope de rosas do Líbano e limão-siciliano (R$ 27), e tive vontade do Vulnávia, que seria uma releitura do tradicional Cosmopolitan, uma mistura de vodka TIIV, xarope de hibisco spicy artesanal do Eugênia e óleo de laranja. Os drinks atualmente são assinados pelo jornalista e sócio da casa Paulo Lima, mas Flavia antecipa que suas receitas entram em jogo em breve, como uma releitura do Fitzgerald que já está em fase de testes.

Flavia chega ao Eugênia depois de integrar a equipe do Riviera Bar

Flavia chega ao Eugênia depois de integrar a equipe do Riviera Bar

Da cozinha, saltam bolos, tortas, sopas e petiscos para compartilhar. O pão de tapioca parece um pão de queijo levinho de amor que acompanha uma pasta de azeitonas. Quadradinhos de polenta frita com meio molinho ganham cobertura de gorgonzola e nozes – uma delícia! Dentro da carta de cafés, clássicos como machiatto e cappuccinos, além de irish coffee e expresso martini.

A ideia da casa começou com o nome Simone, em homenagem à escritora Simone De Beauvoir, mas quem ganhou destaque afinal foi a jornalista, atriz e diretora de teatro Eugênia Álvaro Moreyra (1898-1948), uma das pioneiras do feminismo no Brasil.

Aos 16 anos, morando no Rio de Janeiro, ela circulava vestida de terno e gravata e chapéu de feltro, além de fumar cigarrilhas – coisa pouco comum na época para uma mulher. Ficou conhecida como a primeira repórter do Brasil após decidir entrar em um internato para mulheres e relatar em uma série de reportagens a experiência. Curiosa e corajosa, vem como linda inspiração para o lugar.

Dá para se acomodar no balcão e ficar admirando as criações alcoólicas serem preparadas, nas mesas ao redor do bar, ou na charmosa sala que abriga um piano e recebe shows semanais. Ali, mais uma vez a mulher entra em destaque: a programação prioriza cantoras ou grupos com integrantes mulheres sempre. Com formato em L, é possível ver o show tanto deste espaço quanto do próprio bar.

Seguindo o corredor, uma exposição da artista Luciana Araújo em quadros que retratam figuras femininas. No final, mais um espaço de protagonismo: uma charmosa sala guarda uma biblioteca com livros exclusivamente escritos por mulheres. Funcionando de forma colaborativa, a estante recebe doações e está disponível para quem quiser ter seu momento de leitura. Por lá, a sócia da casa Vivine Ka saca da prateleira uma descoberta: o livro “Luzes Acesas”, da escritora Bella Chagall, a primeira esposa do pintor Marc Chagall. Sempre bom trazer à luz mulheres maravilhosas que não conhecíamos. A tradução da obra? Pelas mão e mente de Clarice Lispector. Vale dar uma zapeada por outros achados disponíveis ali.

Tudo com foco nas mulheres? Sim! Homem são bem-vindos? Claro! A ideia é dar o destaque, não excluir. O espaço, aliás, está aberto a cursos, palestras e todo o tipo de evento com o protagonismo da mulher. “Esse espaço foi criado para a mulher se sentir a vontade. O espaço está aberto para a expressão das mulheres artistas, empreendedoras, e proporcionar esse espaço de encontro feminino”, conta Viviane.

Eugênia Café Bar
Rua Cônego Eugênio Leite, 953 – Pinheiros, São Paulo
Segunda a sábado, das 13h às 23h30

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Fotos: Gabriela Rassy, @corrajucorra (retrato de Gabriela Rassy) e Gui Moane (drink Rita)


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