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Depois de ser precocemente fechada em Porto Alegre, a mostra Queermuseu – a Cartografia da Diferença na Arte Brasileira chega ao Parque Lage, no Rio de Janeiro, em uma prova de que a censura não pode barrar nossa evolução. Fruto da maior campanha de financiamento coletivo feita no Brasil, a mostra arrecadou nada menos que R$1.081.000 para a montagem, manutenção do espaço e programação complementar.
O frisson chegou depressa ao Rio fazendo com que o sábado de abertura atraísse um público imenso, que aguardou horas na fila para entrar nos três espaços da Queermuseu. Outra vitória! Quanta gente interessada em se abrir para a diferença, para sair do normativo.
Queermuseu abre com 223 obras de 85 artistas reconhecidos nacional e internacionalmente
Entrei emocionada pensando em tudo que poderia ver e me impressionou como foi desproporcional a polêmica gerada. Nada ofende, apenas expõe com olhar artístico toda a diferença que já temos na sociedade. Acompanhando a mostra e contando um pouco sobre as obras, um corpo educativo da EAV Parque Lage, dirigida por Fábio Szwarcwald, composto por toda essa diversidade: pessoas de diversas identidades de gênero nos brindam com reflexões que enriquecem ainda mais a experiência.
A Queermuseu é a primeira plataforma curatorial com abordagem exclusivamente queer já realizada no Brasil
Queer já foi uma palavra de sentido pejorativo usada por países de língua inglesa. Hoje já foi incorporada e ressignificada pela comunidade LGBTQI+ para nomear a variedade de identidades que a palavra gay já não era capaz de abraçar sozinha e dar espaço para todas as pessoas que não se sentiam parte da heteronormatividade, do padrão família brasileira tradicional comercial de margarina. A cultura queer permite que cada um seja o que quiser, sem pré-definições ou preconceitos.
Volto na polêmica descabida, já que Queermuseu não é um museu que tem exclusivamente objetos, preposições e representações de artistas queer. Ela se transforma em um espaço queer para abrigar determinadas obras. “A exposição é composta por obras que privilegiam a diferença, a diversidade da forma artística, para que a gente entenda a complexidade e amplitude daquilo que seja queer. É importante para ampliar o nosso pensamento sobre o queer e a nossa reflexão sobre o mundo”, explica o curador Gaudêncio Fidelis.
A mostra original tinha 264 obras, já a edição em terras cariocas tem cerca de 30 obras a menos. E não, não é tudo sobre sexualidade em si .Existe um número bem pequeno que trata do corpo desta forma. “A questão é que a expressão artística tem um vasto campo de manifestação, algumas que apontam para o corpo. De qualquer forma, o corpo humano é sexual e tem manifestações eróticas. Essa é uma exposição que aborda expressão, identidade e sexualidade como um desdobramento do gênero. É um universo mais amplo”, diz Gaudêncio.
Travesti de lambada e deusa das águas, de Bia Leite, 2013
As obras passam por todas essas questões. O artista André Petri tem trabalhos com maquiagem, que está no universo Queer, uma escultura em tamanho real de um dedo, pode estar no universo da sexualidade sem falar de sexo. A seleção das obras passa ainda por vídeo de performance e figurinos de Ligia Clark e por telas de Adriana Varejão e Cândido Portinari. Passa por religião e por descoberta. Chega a ser surreal pensar em censura.
Obra de Portinari (direita) ao lado de Fernando Barril
“Queermuseu é um levantamento de todo um acervo que traz a figura do estranho, que não se encaixa no binarismo da sociedade ocidental, sobretudo o binarismo de gênero. As coisas que são de mulher e de homem, de macho e fêmea. Tudo que representa esse estranho, que provoca uma rasura nesse binarismo e expõe o corpo como algo sexual, que a gente tem que reconhecer e ponto”, comenta o professor, escritor e deputado Federal pelo PSOL, Jean Wyllys enquanto visitava a mostra. “Dizer que essa exposição queria sexualizar chega a ser uma estupidez, por que o corpo é sexual. O que os artistas fizeram foi mostrar como esse corpo pode ser estranho, como pode não se encaixar em regras”, completa.
Jean Wyllys visita a mostra Queermuseu
O deputado, professor e escritos com o curador Gaudêncio Fidelis e o diretos da EVA Parque Lage, Fábio Szwarcwald
A exposição chegou a receber uma liminar da justiça que proibia a entrada de menores de 14 anos, ainda que acompanhados pelos responsáveis. Mas já que é para falar de vitória, a boa notícia vem em combo: a proibição já foi revogada.
Hora de rasgar a última censura
Além das obras expostas, acontecem uma série de debates no período da Queermuseu, com curadoria de Ulisses Carrilho. Quase diariamente é possível participar de mesas que discutem “A Queermuseu e o Debate sobre Gênero e Sexualidade no Brasil”, “Arte e Censura”, “Crenças e Manifestações Religiosas”, “Direitos e Desejos”, “Fake News – a liberdade de expressão hoje”, entre outros temas urgentes. Vale a visita!
Queermuseu – cartografias da diferença na arte brasileira
Parque Lage – Rua Jardim Botânico, 414, Rio de Janeiro/RJ
18 de agosto a 16 de setembro – Segunda a sexta, das 12h às 20h, sábados, domingos e feriados, das 10h às 17h
Aberto ao público
Gratuito
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