Hypeness
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por: Helena Bertho
Muito se fala sobre prostituição, mas poucos param para ouvir o que as putas têm a dizer sobre o próprio trabalho. Um trabalho que existe há séculos, mas que segue cercado de estigmas e preconceitos.
E foi para bater de frente com esses estigmas, que Monique Prada escreveu o livro “Putafeminista” (Ed. Veneta, 2018). Movida pela “necessidade de falar de temas malditos, temas sobre os quais ninguém quer ouvir. Escrever sobre trabalho sexual a partir do ponto de vista de uma mulher feminista que o exerce”, conta ela.
Monique é prostituta e foi uma das fundadoras da CUTS, a Central Única das Trabalhadoras Sexuais, que milita pelos direitos da categoria profissional. Sua voz já repercute na internet há alguns anos, com posts, entrevistas e textos nos quais sempre procura trazer para o debate sobre prostituição o olhar de uma mulher que vive dela.
Agora, seu discurso cruzou uma nova fronteira e chegou às livrarias. Mas não procure seu livro esperando literatura erótica ou relatos descritivos de programas ou dramas do trabalho da autora. “Putafeminista” é um livro sobre feminismo, política, prostituição, militância e putativismo.
O moralismo e a hipocrisia que rondam os debates sobre a prostituição são de cara expostos por Monique. Ela defende no livro que não existe apenas um feminismo, mas vários. Fala que vem da existência de um conflito explosivo dentro da própria luta das mulheres: entre as prostituas feministas e as feministas que se posicionam contra a prostituição.
Para a autora, porém, já passou da hora de começar a se considerar o trabalho sexual como um trabalho possível no mundo, para o qual se pensam direitos e proteções, ao invés de trata-lo apenas como uma forma de violência.
Nas páginas, ela conta como realmente é exercido esse trabalho no Brasil, as dificuldades enfrentadas pelas trabalhadoras, as questões legais, políticas e de saúde que precisam encarar para seguir garantindo sua sobreviência.
“Nos debates, se percebe como a ignorância das pessoas em relação àquelas que exercem o trabalho sexual nesta sociedade é grande, mas também se nota o quanto a prostituição esteve sempre presente, de um modo ou de outro, nas vidas pessoas”, disse ela em entrevista ao Hypeness.
Monique ainda desconstrói erros comuns quando se fala do assunto, como ligar a exploração sexual infantil com o trabalho sexual.
Outro objetivo que Monique assume com o livro é desconstruir alguns estereótipos normalmente associados às prostitutas. “O de mulheres que não pensam, mulheres incapazes, intelectualmente inferiores. Esse é o principal estereótipo a combater”, diz.
Enxerga, inclusive, que o próprio lançamento do livro já tem importância nesse sentido. “Porque nos colocamos como pessoas pensantes, capazes de debater suas questões sem intermediários, sem ruídos, nos posicionando enquanto sujeitas e não mais objetos de pesquisa”.
Desde o lançamento, em agosto, o livro tem tido boa repercussão. “Já começaram a se criar grupos no Facebook para debater as questões que ele levanta”, conta ela. E as expectativas de Monique não são baixas: “espero que todo mundo leia esse livro. As putas, as filhas das putas, as que nunca pensaram em ser putas. Porque, no fim das contas, é isso, o livrinho não se contenta em falar apenas de prostituição, mas de situá-la, e às prostitutas, nessa sociedade. Discutir as relações e os espaços de cada uma, falar das vidas e dos projetos possíveis de sociedade”.
Tudo isso escrito de forma acessível, com a voz ácida e perspicaz de Monique, para falar com todo mundo que estiver disposto a ouvir, ou melhor, ler. O livro está à venda por R$ 34,90.
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