A falta de cuidado com o patrimônio histórico resultou em uma catástrofe ainda imensurável para a história brasileira. O incêndio no Museu Nacional do último domingo (2) representa uma perda sem precedentes para o passado, presente e futuro da sociedade.
Não é de hoje que funcionários e frequentadores vinham alertando sobre a degradação do prédio bicentenário. Alunas do programa de antropologia diziam sentir com frequência cheiro de animais mortos vindo do teto. Além disso, rachaduras e descolamento de partes das paredes eram outros sintomas de que o Museu Nacional não ia bem.
A deterioração é fácil de explicar. Desde 2001, a União não investe nem de longe os valores necessários para manter as atividades básicas no lar de um dos principais acervos históricos do mundo. Nos últimos cinco anos, o Museu Nacional viu o repasse de verba cair da casa de R$ 1 milhão, para apenas 205 mil reais.

O Museu Nacional pedia há décadas por socorro
De acordo com dados do Siga Brasil – projeto do Senado Federal para acompanhar passo a passo os gastos do orçamento federal, O Museu Nacional, nos dias atuais, recebe menos dinheiro do que a Mesa da Câmara dos Deputados gasta na lavagem de carros oficiais.
O El País aponta que o governo de Michel Temer (MDB) gastou mais com lavagem dos 83 veículos da Câmara dos Deputados e na manutenção do Palácio da Alvorada – residência presidencial – do que com o Museu Nacional. Só no lava-rápido, mais de 563 mil reais em dinheiro público. Já no Alvorada, 500 mil reais por mês em gastos com energia elétrica e jardinagem.

O Maracanã custou quase R$ 2 bilhões
As recentes reformas do Maracanã são outro exemplo. Claro, o estádio Mário Filho é um dos patrimônios da cultura brasileira, entretanto o custo de R$1,2 bilhão poderia manter o Museu Nacional funcionado por, pasmem, 2.400 anos.
Para piorar, o estádio sede da final da Copa do Mundo de 2014, é acusado de superfaturamento e desvio de dinheiro durante os anos de reforma. O Tribunal de Contas do Estado (TCE) avalia que R$ 211 milhões tenham sido superfaturados.