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A primeira vez em que Stanley Lieber colocou os pés na sede da Timely Comics, ele tinha 17 anos e sonhava em escrever “o grande romance americano”. O rapaz era sobrinho do então gerente de circulação da editora, Robbie Solomon, e há pouco havia sido demitido de uma fábrica de calças. Solomon bateu à porta da sala 5×3 em que trabalhavam os desenhistas Jack Kirby (1917–1994) e Syd Shores (1916–1973) e o editor Joe Simon (1913–2011) e perguntou o que seu sobrinho poderia fazer para dar uma força. Era 1940 e o primeiro gibi do Capitão América, aquele em que o personagem soca Hitler logo na capa, já rodava nas gráficas.
Stanley começou a trabalhar na Timely como assistente. Ele revisava textos, esvaziava cinzeiros, varria o chão e irritava todo mundo tocando ocarina na redação. Alguns meses depois, ele ganhou confiança dos colegas para começar a escrever. A partir daí, tornou-se uma das peças mais criativas e estratégicas da empresa no diálogo com os leitores e em renovações que transformaram a Timely em Atlas e, por fim, em Marvel Comics.
Nos anos 1960, a indústria das histórias em quadrinhos estava em sua icônica “Era de Prata” — e também na pindaíba. A editora precisava fazer algo para interromper a curva descendente que as vendas faziam. A TV havia chegado à casa dos americanos junto dos valores conservadores da era Eisenhower, o que afastava a molecada das HQs desde a década anterior.
Stan Lee, orgulhosamente, sempre foi convidado a participar das adaptações no cinema de suas criaçõesNo entanto, Stanley, que já usava o pseudônimo Stan Lee, entendia de dificuldade financeira: pobretão vindo do bairro nova-iorquino do Brooklyn, ele logo tratou de colocar em circulação novos super-heróis — o tipo de narrativa que fez esse mercado tornar-se imenso durante a Segunda Guerra Mundial, na “Era Dourada”.
Ao lado de colegas como Kirby, Larry Lieber — irmão de Lee —, Steve Ditko (1927–2018) e Bill Everett (1917–1973), o roteirista criou personagens como Homem de Ferro, Pantera Negra, Homem-Aranha, X-Men, Quarteto Fantástico, Surfista Prateado — o predileto dele — Hulk, Thor e Demolidor.
Muitos deles traziam consigo as inquietações sociopolíticas da época. Em Homem de Ferro e Homem-Formiga, por exemplo, via-se o avanço da ciência com a corrida espacial durante a Guerra Fria; em X-Men, o debate sobre os direitos civis da população negra se refletia na discriminação sofrida por mutantes; em Pantera Negra, imaginava-se um país — Wakanda — em que não havia racismo e a liberdade o transformou em uma das maiores potências do planeta; em Homem-Aranha, a vida difícil na cidade grande encontrava algum alívio no alter-ego de Peter Parker; e, em Doutor Estranho, as viagens lisérgicas do movimento hippie encontraram um paralelo nas páginas do mago bigodudo.
Aí estão alguns dos motivos por que Stan Lee tornou-se um ícone. Ele resgatou os super-heróis dos anos 1940 e, em vez de colocá-los no plano da perfeição dos deuses e da moral patriota irretocável, como se via naquela década, Lee os humanizou com contradições e conflitos, guardadas as devidas proporções, realistas.
Stan Lee se foi na última segunda-feira (12) aos 95 anos; a causa de morte não foi informada. Ele deixa uma filha, Joan Celia, um império multimídia e uma calorosa amizade conosco, leitores ávidos de gibis. Excelsior!
Conheça abaixo algumas leituras imperdíveis assinadas por ele.
Se você quer conhecer as origens do Aracnídeo, aqui está a oportunidade. Esta edição em capa dura reúne as primeiras histórias do Cabeça de Teia assinadas por Stan Lee e Steve Ditko, em que Peter Parker é picado por uma aranha radioativa e, após o assassinato de Tio Ben, aprende que “com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”. O livro também traz outras histórias clássicas do Aranha, como a morte de Gwen Stacy, assinadas por outros nomes.
Editora: Panini Books
Páginas: 320
Preço: R$ 120,00
“A origem do Surfista Prateado”, “Mefisto, o senhor do mal” e “Três divindades em conflito” são algumas das histórias protagonizadas pelo Surfista Prateado nos anos 1960 que se encontram neste volume. Com roteiros assinados por Lee e desenhos de John Buscema (1927–2002), a HQ resgata as primeiras aventuras com o personagem.
Editora: Salvat
Páginas: 216
Preço: R$ 42,90
Quando os X-Men consistiam no grupo de moleques Ciclope, Anjo, Fera — que ainda não era azul e peludo — e Homem de Gelo, o Professor Xavier apresentou ao grupo Jean Grey, que adotou o nome Garota Marvel. Esta edição, que hoje é item raro no Brasil, traz o primeiro contato dos leitores com a Sala do Perigo e o conflito dos X-Men com Magneto e a Irmandade dos Mutantes.
Editora: Panini
Páginas: 164
Preço: R$ 22,90
A chegada do Capitão América aos Vingadores, a fuga de Tony Stark de um sequestro que o inspira a tornar-se o Homem de Ferro e a explosão de raios gama que transforma o Dr. Bruce Banner no Hulk estão neste volume.
Editora: Salvat
Páginas: 208
Preço: R$ 36,90
Nesta minissérie escrita por Lee, desenhada pelo francês Moebius (1938–2012) e lançada originalmente em 1988, o Surfista Prateado confronta Galactus, o devorador de mundos. O antagonista transforma a raça humana em seus seguidores e cabe ao Surfista impedir um massacre. Parábola é considerada um clássico cult da Marvel e mais um registro das incríveis capacidades de Lee e Moebius.
Editora: Panini Books
Páginas: 92
Preço: R$ 29
Sensação pop deste ano, o Pantera Negra fez estreia em um gibi do Quarteto Fantástico em 1966. Em “O Pantera Negra!”, cujo enredo foi desenvolvido por Lee, o super-herói africano convida o Quarteto Fantástico a visitar Wakanda. A edição compila também outras histórias importantes.
Editora: Panini
Páginas: 200
Preço: R$ 36,90
A família mais adorada da Marvel tem várias de suas primeiras e mais importantes aventuras resgatadas neste volume, como parcerias com os Inumanos e o Surfista Prateado e um confronto épico com Galactus, para impedir a destruição da Terra.
Editora: Salvat
Páginas: 200
Preço: R$ 36,90
Outro volume da coleção Os Heróis Mais Poderosos da Marvel, Demolidor traz a origem do Homem sem Medo, em que ele perde a visão após um acidente com uma substância radioativa e torna-se vigilante do bairro nova-iorquino de Hell’s Kitchen. O encadernado coleta histórias importantes assinadas por Frank Miller.
Editora: Salvat
Páginas: 204
Preço: R$ 36,90
Com argumentos assinados por Lee, este quadrinho é item raro hoje em dia, mas quem se aventurar a procurar por ele, encontrará o icônico momento em que o médico Donald Blake encontra em uma caverna norueguesa o martelo que o transforma no Deus do Trovão.
Editora: Panini
Páginas: 164
Preço: R$ 22,90
Outro título raro, a primeira edição de Biblioteca Histórica Marvel: Os Vingadores conta com os grandes momentos dos primórdios do grupo: a formação dele após uma conspiração de Loki, quando eles conhecem o príncipe submarino Namor e também a batalha contra o Fantasma do Espaço.
Editora: Panini
Páginas: 248
Preço de capa: R$ 53
Como dizia Stan Lee: ‘nuff said!
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