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Escola de madeira na Amazônia é eleita melhor obra de arquitetura do mundo

21 • 11 • 2018 às 14:05
Atualizada em 19 • 12 • 2018 às 15:44
Redação Hypeness
Redação Hypeness Acreditamos no poder da INSPIRAÇÃO. Uma boa fotografia, uma grande história, uma mega iniciativa ou mesmo uma pequena invenção. Todas elas podem transformar o seu jeito de enxergar o mundo.

O prêmio Riba International Prize (Royal Institute of British Architects), considerado um dos mais importantes da arquitetura, foi entregue ao Moradias Infantis. 

O projeto é desenvolvido pelos arquitetos Gustavo Utrabo e Petro Duschenes, do Aleph Zero, em parceria com Marcelo Rosenbaum e Adriana Benguela, do estúdio de arquitetura e design Rosenbaum.  

A iniciativa venceu o Prêmio Internacional RIBA 2018 por causa da visão arquitetônica ambiciosa e pelo impacto social significativo. Localizada no Formoso do Araguaia, no Tocantins, o complexo escolar oferece acomodação para 540 crianças frequentes na Escola Canuanã.

O Moradias Infantis é financiado pela Fundação Bradesco ao lado de outras 40 escolas administradas pela instituição. O programa oferece educação para crianças em comunidades rurais e em todo o Brasil. 

A escola se destacou por unir sustentabilidade com convívio social

Sustentável, o projeto arquitetônico combina uma estética contemporânea com técnicas tradicionais. O edifício foi erguido com recursos locais, como blocos de terra feitos à mão. O prédio se caracteriza por fortes ligações ao meio envolvente e à comunidade que serve.

Durante as etapas, Rosenbaum e o escritório Aleph Zero buscaram envolver alunos e a comunidade na projeção das salas de aula, das varandas e dos espaços comuns. A ideia era manter vivo valores indígenas e passar uma sensação de pertencimento para as crianças em processo de amadurecimento.

“Estamos entusiasmados por termos sido agraciados com o Prêmio Internacional RIBA 2018. Foi uma alegria ver as crianças construindo o prédio e adaptando o espaço para atender às suas necessidades. Este prêmio fortalece nossa compreensão da arquitetura como uma ferramenta para a transformação social, uma ferramenta que transcende a construção e cria uma conexão profunda entre os jovens e seus ancestrais e conhecimento”, dizem Gustavo Utrabo e Pedro Duschenes, diretores da Aleph Zero.

O complexo atende cerca de 800 alunos e alguns moram no local. O fato abraça o conceito de empatia, pois se entrelaça ao cotidiano da comunidade. A escola possui duas vilas, uma masculina e outra feminina. Os dormitórios foram transformados em 45 unidades para seis alunos cada.

Existem também espaços de convivência, como a sala de TV, sala de leitura, varandas, pátios e redários. Elementos para valorizar a ancestralidade e elevar a autoestima dos pequenos.

 

A expectativa agora fica por conta dos avanços na qualidade de ensino

O Tocantins é uma das regiões mais quentes do Brasil. Na capital Palmas, por exemplo, as temperaturas ultrapassam facilmente a casa dos 40 graus. Por isso, o prédio possui paredes com frestas, que permitem a ventilação natural. Ou seja, na Aldeia das Crianças não existe ar-condicionado. Os alunos só reclamam do frio durante a noite, mas isso se resolve com cobertores.

“O desafio foi convencer alunos e professores que recursos naturais representam sim progresso. Ser moderno não é sinônimo de construções com vidros, paredes de concreto, aço ou ar-condicionado”, explicou ao The Guardian Gustavo Utrabo, um dos fundadores do Aleph Zero.

O local reúne três biomas, cerrado, pantanal e amazônico

Além do Riba, a Aldeia das Crianças recebeu em fevereiro passado o prêmio de Arquitetura Educacional, entregue pela Building of the Year.

O centro educacional feito por Rosenbaum em parceria com o Aleph Zero, venceu outros 20 concorrentes de 16 países, entre eles Itália, Japão e Hungria. O convite foi feito pela Fundação Bradesco, responsável por construir a escola na década de 1970. 

O Prêmio Internacional RIBA é entregue a cada dois anos para um prédio que combine excelência em projeto com ambição arquitetônica, além de oferecer impacto social significativo.

A premiação é considerada uma das mais rigorosas do mundo. O vencedor é escolhido entre diversos edifícios visitados por um grupo de especialistas internacionais. O Moradias Infantis se sagrou vencedor ao bater quatro concorrentes. O júri foi presidido pela renomada arquiteta arquiteta Elizabeth Diller (DS+R).

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Fotos: Leonardo Finotti/Rosenbaum Arquitetura 2017


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