Inspiração

Igreja nos EUA abre as portas para pessoas em situação de rua dormirem

13 • 11 • 2018 às 13:31
Atualizada em 13 • 11 • 2018 às 13:34
Redação Hypeness
Redação Hypeness Acreditamos no poder da INSPIRAÇÃO. Uma boa fotografia, uma grande história, uma mega iniciativa ou mesmo uma pequena invenção. Todas elas podem transformar o seu jeito de enxergar o mundo.

Há cerca de 15 anos, a igreja St. Boniface, em San Francisco, abre suas portas para abrigar pessoas sem teto. A iniciativa foi instaurada em 2004 pelo padre Louis Vitale, em parceria com o ativista social Shelly Roder.

O The Gubbio Project oferece instrumentos básicos para a recuperação da vida destes indivíduos. Dentro da igreja, centenas de moradores em situação de rua dormem com cobertores oferecidos pela equipe da instituição religiosa e realizam a higiene básica.

“Não fazemos perguntas para os convidados que dormem na igreja. A ideia é remover qualquer tipo de barreira. Por isso, dispensamos formulários e coisas do tipo. Ninguém nunca recusou e todos são bem-vindos, respeitados e tratados com dignidade”, diz texto publicado no site oficial do projeto.   

Não há nada mais certeiro do que solidariedade e respeito

A proposta da igreja de San Franciso se diferencia das demais justamente pela ausência de exigências e por oferecer um clima descontraído, passando bem longe da sensação de prisão provocada por abrigos tradicionais.

Em São Paulo, por exemplo, a grande queixa dos moradores de rua está na faceta autoritária dos administradores dos albergues. Em conversa com a Carta Capital, o Padre Julio Lancellotii, da Pastoral do Povo de Rua, explica que o poder público precisa oferecer autonomia à população.

“A grande questão é não reproduzir sistemas institucionais. Todo sistema institucional tira a autonomia das pessoas”, reflete.

A iniciativa dá dignidade para quem é tratado com tanta hostilidade

Nos espaços administrados pela municipalidade paulista paira a lógica penitenciária. Vigilância excessiva, grandes aglomerações, separação por gênero e dificuldade para sincronizar os horários dos albergues com o do trabalho. Todos fatores, que somados com a falta de locais para acomodar animais e carroças, acabam afastando grupos em situação de vulnerabilidade.

A Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) aponta que em São Paulo existem quase 16 mil pessoas sem um teto, ao passo que a prefeitura dispõe apenas de 10 mil vagas.  

Mesmo com trabalho exercido por figuras como o padre Julio Lancelotti e a igreja St. Boniface nos EUA, a hostilidade ainda é grande. Assim como no Brasil, em Seattle, a prefeitura planeja criar cercas e obstáculos para impedir pessoas de dormirem em praças públicas.

Na própria San Francisco, robôs são projetados para assustar e denunciar moradores de rua para as autoridades. Foram gastos mais de 8 mil dólares para impedir a montagem de barracas.

“Estão criminalizando os sem teto. Eles criaram leis contra quem não tem onde morar. Nada de acampamento, dormir em carros, esmolas ou comida para os que vivem nas ruas”, denunciou ao site RT o ativista Mark Lane.  

Casa pra que te quero

Solidariedade e cumprimento da lei são medidas fundamentais para alterar o cenário. A legislação delega ao poder público a obrigação de intervir em propriedades que não cumprem sua função social. Trocando em miúdos, prédios e casas devem ser utilizadas para moradia, atividades econômicas, sociais e culturais.

Desde 2014, em São Paulo, existe o IPTU progressivo. Ou seja, se os donos não derem uso ao imóvel, ele terá que pagar um imposto mais caro, podendo ser desapropriado depois de cinco anos.

O déficit é estimulado pela especulação imobiliária

Em quatro anos, foram notificados 1.385 imóveis. São 708 vazios, 457 não edificados e 220 subutilizados. Mas, a BBC Brasil mostra que apenas 99 cumpriram as obrigações após a advertência.

“Não há recursos, não há gestão adequada. Tem que mudar o foco. Há muito investimento em asfaltamento, que dá voto com a classe média, e em limpeza urbana, porque as pessoas não têm educação ambiental”, explicou à BBC a arquiteta Nadia Somekh, professora emérita da Faculdade de Arquitetura do Mackenzie e ex-diretora do DPH (Departamento de Patrimônio Histórico).

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Fotos: foto 1: Divulgação/foto 2: Divulgação/foto 3: EBC/Reprodução


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