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Damares Alves foi confirmada pelo presidente eleito Jair Bolsonaro como a chefe do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos. Pastora evangélica e advogada, a futura ministra se caracteriza por frases polêmicas e distantes da noção de progresso pretendida pelas mulheres do século 21.
Se você tomar cuidado, pode achar que o pensamento defendido por Damares é digno da República de Gilead – nação patriarcal militarizada, que tem a bíblia como Constituição e tomou o lugar de boa parte dos Estados Unidos no seriado e no livro The Handmaid’s Tale (O Conto da Aia).
Voltando aos conceitos distópicos da política brasileira, Damares pretende construir “um Brasil sem aborto”. Segundo ela, por meio de políticas que tratem de planejamento familiar.
A escolha de Damares é mais uma conquista da igreja evangélica
Para a ministra, “a gravidez é um problema que dura só nove meses”. Damares afirma que o “aborto caminha a vida inteira com a mulher”, disse ao sair de reunião com o presidente eleito.
Agora, como acabar com problema da gravidez precoce diante do avanço do Escola Sem Partido e de teorias contrárias ao ensino de educação sexual nas escolas? A contrário do que é dito por aí, o conteúdo é aliado importante contra a gestação indesejada e o avanço de doenças como o HIV.
“Eu sou contra o aborto. Nenhuma mulher quer abortar. Elas chegam ao aborto, porque, possivelmente, não foi lhe dada nenhuma outra opção. A mulher aborta acreditando que está desengravindando (sic), mas não está”.
Damares Alves, que foi assessora parlamentar de Magno Malta (PR-ES), também deu seu parecer sobre a comunidade LGBT brasileira. Segundo a ministra, a discussão é “delicada”. Contudo, aos seu olhos foi criada uma “falsa guerra entre cristãos e LGBT”.
“Essa guerra não existe e vamos mostrar que essa guerra não existe”, opinou a futura ministra dos Direitos Humanos. Será?
As ideias de Damares são bem diferente das de setores progressistas
O pastor evangélico Ezequiel Teixeira (PTN-RJ) apresentou na Câmara dos Deputados o projeto de lei 4931 de 2016, que propõe um decreto legislativo autorizando a aplicação de terapias para “auxiliar a mudança da orientação sexual, deixando o paciente de ser homossexual para ser heterossexual, desde que corresponda ao seu desejo”.
Assim como outras correntes fundamentalistas, ele acredita em ‘cura gay’. Para Teixeira, “a homossexualidade causa diversos transtornos psicológicos”. Sem contar que o Brasil é o que mais mata LGBT no mundo, um a cada 19 horas.
Não há prova científica que exista gene gay. Não há prova científica que o gay nasça gay. Se tivesse, já tinham jogado na nossa cara. A homossexualidade, ela é aprendida a partir do nascimento, lá na infância. A forma como se lida com a criança. Mas ninguém nasce gay.
Falando em religião, para Damares, “não é a política que vai mudar esta nação, é a igreja”. Quando você ouvir igreja, leia-se igreja evangélica.
O novo governo começou com uma reza em rede nacional
A ex-assessora parlamentar não acredita que a política seja instrumento de mudança. Aliás, a presença da igreja evangélica foi destaque durante toda a campanha de Bolsonaro. Teve até culto ao vivo puxado por Magno Malta para celebrar a vitória em segundo turno.
Mas, voltemos para Damares. Na mesma palestra em que colocou a homossexualidade em dúvida, ela exaltou a fé como saída única para o Brasil. Lembrando que estamos falando de um estado laico.
“Naquele dia, Deus renovou nossas forças. Porque Deus nos disse que não são os deputados que vão mudar essa nação, não é o governo que vai mudar esta nação, não é a política que vai mudar esta nação, que é a igreja evangélica, quando clama. É a igreja evangélica, quando se levanta (que muda a nação)”, profetizou.
‘Handmaid’s Tale’ e política brasileira: andando lado a lado
A nova ministra falou novamente sobre o tema em 2016, em Belo Horizonte. A integrante do governo de Jair Bolsonaro expôs suas ideias na Igreja Batista da Lagoinha.
As instituições piraram nesta nação. Mas há uma instituição que não pirou. E esta nação só pode contar com essa instituição agora. É a igreja de Jesus. Chegou a nossa hora. É o momento de a igreja ocupar a nação. É o momento de a igreja dizer à nação a que viemos. É o momento de a igreja governar.
Para terminar essa seleção, repetimos, digna do roteiro de The Handmaid’s Tale, o pensamento da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos sobre as próprias mulheres. Ela afirma que se “preocupa com a ausência da mulher na casa”. A ministra acredita que a mulher nasceu pra ser mãe e que ideologia de gênero é morte.
“A mulher nasceu para ser mãe. Também, mas ser mãe é o papel mais especial da mulher. A gente precisa entender que a relação dela com o filho é uma relação muito especial. E a mulher tem que estar presente. A minha preocupação é: dá pra gente ter carreira, brilhar, competir, consertar as bobagens feitas pelos homens. Sem nenhuma guerra, mas a gente conserta algumas. Dá pra gente ser mãe, mulher e ainda seguir o padrão cristão que foi instituído para as nossas vidas”, declarou a líder evangélica.
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