Futuro

Amazônia tem mais de 2,5 mil garimpos ilegais e contaminação por mercúrio vira regra

11 • 12 • 2018 às 17:29
Atualizada em 21 • 08 • 2019 às 10:48
Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

A pratica de extrair minerais valiosos do solo brasileiro, também conhecida como garimpo, não é ilegal. É completamente possível encontrar ouro, diamante ou cassiterita, entre tantos outros, e ganhar dinheiro com isso, trabalhando sozinho ou em cooperativa, sem estar cometendo crime algum.

Para isso, no entanto, é preciso seguir leis de registro, e que o trabalho aconteça dentro de áreas aprovadas para tal prática. Como é costume no Brasil, no entanto, em nome do lucro muitos garimpos acontecem de maneira ilegal. E não se trata de algo discreto ou pequeno – tanto em números gerais, quanto nos efeitos nocivos que o garimpo ilegal traz para o meio ambiente.

Ouro extraído da Amazônia

A Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada, ou Raisg, lançou recentemente um relatório intitulado Amazônia Saqueada, no qual as rotas gerais, de entrada e saída, da mineração na região foram traçadas – assim como os rios que acabam prejudicados pelas praticas ilegais. Na região Amazônica, envolvendo não só o Brasil mas também Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, são 2.557 garimpos ilegais demarcados pelo relatório.

Exemplo de garimpo ilegal na região

A vasta maioria encontra-se na Venezuela: 1899, com 453 no Brasil, 134 no Peru e 68 no Equador. E os especialistas sugerem que tais números são ainda tímidos: existe uma grande quantidade de pontos e áreas de garimpos ilegais não confirmados, tornando o cenário ainda pior.

Os efeitos na natureza são devastadores: mangueiras usam água pressurizada para desmontar barrancos naturais à procura de ouro, deixando imensas crateras, destruindo a vegetação e interferindo na dinâmica da floresta. Com a chegada das retroescavadeiras hidráulicas, esse efeito tornou-se muito maior. Mas o pior efeito é o uso desregrado do mercúrio como purificador do ouro, contaminando água, ar e os animais – e, em efeito cascata, chegando até os seres humanos.

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© fotos: divulgação


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