Ilhabela é uma joia na coroa de praias do litoral norte de São Paulo. Muito embora chame a atenção de turistas de todos os cantos pela beleza e biodiversidade, achar uma praia própria para o banho nesse começo de ano é uma missão quase impossível. Apenas um dos 19 pontos de banho da cidade está liberado para mergulhos.
O festival de placas vermelhas sinalizando a presença de poluentes na água deixou turistas e moradores locais desanimados. Pontos famosos como as praias da Feiticeira e da Ilha das Cabras, não escaparam da avaliação negativa da Cetesb.
A agência estadual de controle de poluição diz que mais da metade das praias de Ilhabela foi considerada imprópria para o banho ao longo de pelo menos quatro semanas entre fevereiro e novembro de 2018. Em dezembro, a situação piorou. O aumento da frequência de pessoas é um dos motivos.

Ilhabela sofre com a falta de saneamento básico
“Estou há três dias aqui e ainda não vi nenhuma bandeira verde”, declarou à Folha de São Paulo a professora aposentada Maria Scalise, de 67 anos.
Turistas não são os únicos culpados da tragédia ambiental do balneário. Ilhabela tem sérias dificuldades de estabelecer um sistema eficaz de saneamento básico. O próprio prefeito, Márcio Tenória (MDB), admite que apenas 50% do esgoto é coletado.
O lixo recolhido também é tratado com deficiência. Apenas resíduos sólidos como fraldas e absorventes recebem atenção, digamos, um pouco melhor. O resto passa por um banho de cloro para ser atirado ao mar por um emissário submarino localizado há 800 metros da praia e Itaquanduba.

O prefeito critica os métodos da Cetesb e cita chuvas de verão
O prefeito questiona os métodos adotados pela Cetesb e diz que o alto índice de poluição é resultado das chuvas de verão. Outro agravante é a localização. Ilhabela está em um canal e acaba recebendo muito lixo da vizinha São Sebastião.
Ilhabela tem população de 34.333 mil habitantes. O balneário registrou crescimento de 21,7% nos últimos oito anos, quase o dobro da expansão da capital paulista, que foi de 8% no período.
A prefeitura de Ilhabela tem está autorizada desde 2017 para destinar 10% dos royalties adquiridos com a exploração do petróleo para o tratamento de água e esgoto. Dos R$ 40 milhões arrecadados em 2018, apenas 7 foram gastos até dezembro em melhorias da rede coletora.