Um ano após médicos no Brasil terem ajudado a dar à luz ao primeiro bebê nascido de um útero transplantado, o cirurgião britânico Christopher Inglefield, fundador da London Transgender Clinic, afirmou que mulheres transexuais também podem realizar o transplante – para poderem gerar seus próprios filhos. Segundo Inglefield, o procedimento é fundamentalmente o mesmo realizado em uma mulher cis.

Dr. Christopher Inglefield
A dificuldade maior para o procedimento, de acordo com o cirurgião britânico, está na “coleta” do útero doador, pois é fundamental que as veias e artérias do órgão não sejam danificados. A conexão destas porém acontecem de forma idêntica em homens e mulheres – nas mesmas veias receptoras. A pélvis mais estreitas das mulheres trans não é efetivamente um problema, pois há espaço para gerar e carregar uma criança – a única recomendação, segundo Inglefield, a fim de resguardar o bebê, é a realização de parto em cesariana.

Para além de confirmar tal possibilidade médica, o cirurgião defende tal posição politicamente – como um direito legitimo e legal para as mulheres trans. “Uma vez que a comunidade médica aceita isso como um tratamento para mulheres com infertilidade uterina, como a ausência congênita de um útero, seria ilegal negá-lo a uma trans que completou sua transição”, afirmou. Não há no país atualmente qualquer legislação que proiba tal procedimento.
