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Atiradores de Suzano teriam buscado aconselhamento na ‘darkweb’ antes de atentado

14 • 03 • 2019 às 12:24
Atualizada em 14 • 03 • 2019 às 12:35
Redação Hypeness
Redação Hypeness Acreditamos no poder da INSPIRAÇÃO. Uma boa fotografia, uma grande história, uma mega iniciativa ou mesmo uma pequena invenção. Todas elas podem transformar o seu jeito de enxergar o mundo.

Desde o ataque que matou 10 pessoas na Escola Raul Brasil, em Suzano, o nome dos atiradores é celebrado por frequentadores do Dogolachan. Foi neste fórum acessível apenas na darknet, que Guilherme Taucci e Luiz Henrique de Castro, reuniram dicas e inspiração para o crime.

A informação foi confirmada pelo R7, que publicou um suposto agradecimento escrito por um dos atiradores ao administrador do chan. “Muito obrigado pelos conselhos e orientações, DPR. Esperamos do fundo dos nossos corações não cometer esse ato em vão”, se referiu ao usuário conhecido como DPR.

Luiz, de 25 anos, era conhecido, segundo DPR, como “luhkrcher666”. Já Guilherme, de 17, chamado de “1guY-55chaN”. O rastro deixado pelos dois foi minuciosamente deletado antes do atentado em Suzano.

Guilherme e Luiz receberam dicas de como realizar o massacre

DPR repreendeu brevemente um usuário, mas confirmou que os dois chaneiros seguiram dicas de outros frequentadores do Dogolachan. “Eles eram daqui do fórum, não?”, questiona um deles. DPR responde, “não fiquem citando, mas era confrades daqui, sim. Logo vão encontrar algo em poder deles”.

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DPR revelou no mesmo texto que “Luiz entrou em contato para buscar um canal onde ele obtivesse fácil acesso a um revolver calibre 22”. As conversas, de acordo com ele, foram deletadas.

Os chans estão anos além da inocência e superficialidade de memes compartilhados nas redes sociais. Os fóruns se hospedam no submundo das redes disseminam quantidades assustadoras de racismo, misoginia, homofobia, pedofilia e violência.

A sociedade ainda não compreendeu os riscos dos chans

Homens autointitulados machistas e conservadores constroem tutoriais de estupro, morte, abuso e sequestro. As mulheres são alvos preferenciais. Os incels, considerados uma nova espécie de supremacistas masculinos, disseminam o ódio contra o sexo feminino. Atentos ao anonimato, eles se motivam a partir de experiências e relacionamentos frustrados.

O livre compartilhamento do ódio passa ao largo de pais, mães, sociedade e setores do poder público. Ano passado, no mesmo Dogolachan, Emerson Eduardo Rodrigues Setim e Marcelo Valle Silveira Mello – apontados como criadores do grupo, foram presos pela Polícia Federal.

Preso, Marcelo foi um dos fundadores do Dogolachan

Marcelo foi condenado a 41 anos, seis meses e 20 dias de prisão, entre outras crimes, por divulgação de imagens de pedofilia, pornô infantil (CP: childish porn), racismo e terrorismo na internet.

Afundar na depressão é a meta nos chans. Sabendo das movimentações da PF, chaneiros incentivaram um membro que pretendia cometer suicídio a matar mais gente. André Luiz Gil Garcia, chamado de Kyo El Fuego Sancto, deu um tiro nas costas de Luciana de Jesus do Nascimento (que morreu um mês depois) e em seguida se suicidou.

Zoeira é a palavra. Mas não se engane, os grupos são organizados e trabalham em conjunto para a criação de ideias nefastas que os transformarão em heróis. Ou homem sanctvs, como eles dizem.

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