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Enquanto o mundo afasta o papo de drogas da editoria policial, a Prefeitura de São Paulo pretende multar quem for pego consumindo maconha e crack nas ruas. A informação foi divulgada pela coluna da jornalista Mônica Bergamo na Folha de São Paulo.
O projeto foi enviado à Câmara pela administração de Bruno Covas (PSDB) e prevê multa de R$ 500. A ideia é criar uma política municipal de drogas e tratar o consumo na mesma medida de atitudes passíveis de multa, como jogar lixo no chão e fazer xixi em lugares públicos.
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– Eles foram à Cracolândia para lembrar que todo dependente químico tem uma história de vida
– Depois de anos sem ver o pai, ela o encontrou ao ser voluntária em uma ação na Cracolândia
Algumas questões são inevitáveis. São Paulo, você sabe, é uma das cidades com o maior número de usuários de crack. A Cracolândia, no centro da capital, acumula homens e mulheres que consomem a pedra enquanto são invisibilizados pela sociedade.
A Prefeitura insiste em tratar o consumo de drogas com repressão
Há dois anos atrás, em 2017, a Prefeitura mapeou pelo menos 22 pontos de uso de crack. Apenas na região central, o levantamento conduzido pela Guarda Civil Metropolitana (GCM) identificou cerca de 340 pessoas espalhadas na chamada Nova Luz – que abrange partes da Santa Efigênia, Santa Cecília e a Praça Princesa Isabel.
O fenômeno se deu após mais uma tentativa mal-sucedida de colocar um fim na Cracolândia. O então prefeito, João Doria (PSDB), chegou a dizer que o local de consumo de crack tinha “acabado.” Não acabou. Expandiu.
– Pesquisa aponta tendência em consumidores trocarem álcool pela maconha
– Maconha pode prejudicar fertilidade de homens e mulheres
– O consumo de maconha está legalizado na África do Sul, decide corte suprema
Em maio daquele ano, a municipalidade, mais uma vez, insistiu no emprego da força como solução. Mais de 900 agentes das polícias Civil e Militar prenderam 38 pessoas. Um usuário ficou ferido e o centro testemunhou um clima de guerra. Com o cenário, fica difícil acreditar que a multa de R$ 500 reais resolverá o problema. Não vai.
Diferente do crack, o consumo de maconha não é considerado problema de saúde pública. Especialistas alertam para os efeitos nocivos à saúde, porém não comparam a erva com a pedra.
O Hypeness já mostrou inúmeras vezes políticas de países como África do Sul, Estados Unidos e Canadá, que legalizaram o uso recreativo da maconha. O Uruguai é o único país da América Latina a permitir a comercialização da erva.
A Cracolândia não vai acabar com uso da força
Pepe Mujica, presidente no período da descriminalização, diz que “viver é experimentar”. O estadista é pragmático ao analisar a planta.
“Não se trata de legalização ou de ‘viva a maconha’. Não. É uma praga. Mas não estávamos conseguindo vencer a guerra contra o narcotráfico e decidimos atacar o que eles mais prezam, que é o negócio”.
O ex-presidente critica a opção insistente pela repressão. “Estou convencido pelo conselho de Einstein: quando você quer mudar as coisas e voltar a fazer o mesmo, nada muda. Há muitos anos estamos reprimindo, perseguindo e estamos cada vez pior. Então começamos a pensar em alternativas. E, por isso, eu uso a palavra experimento”, encerra.
São Paulo não deixa mentir. Dependência química não é caso de polícia. É saúde pública. Para efeito de comparação, em uma década, o Sistema Único de Saúde (SUS), gastou em tratamento de dependentes químicos, o que o Estado investe em um ano em segurança pública.
Qual o perfil de quem morre na guerra às drogas?
Foram, entre 2005 e 2015, R$ 9,139 bilhões para o tratamento de 604.965 internações, de acordo com o Ministério da Saúde. Somente em 2017, o governo federal investiu 6,9% mais em segurança pública. R$ 9,7 bilhões para combater, entre outras coisas, o tráfico de drogas.
Guerra perdida. O sangue derramado no primeiro semestre de 2018 escancara o enxágue de gelo. Mais de 20 mil mortos. Em 2017, recorde. O 12º Anuário de Segurança Pública registrou 63.880 homicídios, o equivalente a 175 por dia. Será que multa vai resolver?
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