Diversidade

Fotógrafo faz anúncio sexista para ‘exposição de vulvas’ e mulheres reagem

25 • 03 • 2019 às 11:07
Atualizada em 18 • 04 • 2019 às 11:00
Redação Hypeness
Redação Hypeness Acreditamos no poder da INSPIRAÇÃO. Uma boa fotografia, uma grande história, uma mega iniciativa ou mesmo uma pequena invenção. Todas elas podem transformar o seu jeito de enxergar o mundo.

Depois de postar uma fotografia do quadril de uma mulher usando apenas uma calcinha, Kazuo Okubo, 59 anos, recebeu críticas de membras do movimento feminista.

“Tire essa vergonha e vamos conversar”, diz a legenda da postagem/convite do fotógrafo brasiliense. Segundo ele, a ideia era atrair mulheres dispostas em realizar um “ensaio fotográfico dedicado às vaginas”.

O ensaio recebeu nota de repúdio de grupos feministas no audiovisual

A iniciativa batizada de “O Inventário” não foi bem recebida, de acordo com muitas mulheres, por insistir na objetificação do sexo feminino. Elas acusam o profissional – que já fotografou mais de 400 mulheres nuas – de falta de diversidade.

“Não há nada original nesse projeto, ele não propõe diversidade, não propõe crítica. Kazuo não é um fotógrafo conhecido como crítico pra fazer um inventário de xoxota e dizer que isso é arte”, explicou ao Universa Luísa Dalé – membra do Mulheres do Audiovisual do Distrito Federal.

Kazuo Okubo tem 30 anos de carreira e trabalha no mercado publicitário, além de realizar projetos autorais, alguns retratando a nudez. Ele se descreve como um “apoiador de causas feministas”.

“Num primeiro momento fui muito agredido. Não sou feminista, mas sou um apoiador das causas feministas. Fiquei triste com tudo isso”, declarou ao Universa.

Para Luísa, paira a insistência de que o corpo e partes íntimas da mulher podem ser “expostos em uma parede” .

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Kazuo reconhece o erro, sobretudo, segundo ele, por causa da legenda do convite. No pedido de desculpas, ele citou ainda o lugar de fala enquanto homem.

“Admito ter me precipitado e errado ao apagar alguns posts. Foram recuperados todos os comentários que consegui e isso não ocorrerá mais. A página seguirá aberta para discussão”.

A história parece longe de terminar. Camila Ribeiro, de 21 anos, foi uma das primeiras a se inscrever no projeto do fotógrafo de Brasília. Ela, que posou nua ao lado de 115 pessoas para as lentes de Kazuo no Museu da República (DF), considera a nudez libertária. “Acho que as mulheres precisam de um olhar diferente sobre elas mesmas”.

Por outro lado, nove coletivos de fotógrafas e membras do audiovisual divulgaram nota de repúdio contra Kazuo e a curadora do projeto, Rosely Nakagawa.

“‘O Inventário’” não é um projeto novo. Está em execução há mais de dez anos. No entanto, um projeto como este, executado por um homem cis e com esta justificativa, não cabe mais. Não, ao menos, sem que as mulheres possam se manifestar publicamente”.

Rosely, nome importante da curadoria de artes visuais no Brasil, pontuou que “as gerações que hoje proclamam o feminismo estão confundindo um pouco o lugar da mulher com feminismo. Essa polarização é muito nociva à sociedade e cultura brasileiras”.

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Foto: Reprodução


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