Debate

Número de armas deve triplicar no Brasil em 4 anos

14 • 03 • 2019 às 13:28
Atualizada em 14 • 03 • 2019 às 13:30
Redação Hypeness
Redação Hypeness Acreditamos no poder da INSPIRAÇÃO. Uma boa fotografia, uma grande história, uma mega iniciativa ou mesmo uma pequena invenção. Todas elas podem transformar o seu jeito de enxergar o mundo.

Desde a assinatura pelo presidente Jair Bolsonaro de um decreto flexibilizando a posse de armas, o mercado brasileiro do setor dá sinais de animação. Especialistas preveem a invasão de empresas estrangeiras e que o número de armas de fogo triplique, passando de 7 milhões para 21 milhões em até quatro anos.

O temor pelo aumento da violência cresce depois do massacre que matou 10 estudantes em uma escola de Suzano, em São Paulo. Alunos e funcionários da Escola Estadual Raul Brasil foram mortos a tiros por Guilherme Taucci, 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, de 25.

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O domínio do mercado nacional pela Taurus parece estar com os dias contados. Os lucros de R$ 1 bilhão por ano podem ser divididos com estrangeiras como a Glock, Beretta, SIG Sauer e Iwi. Todas elas confirmaram presença em uma feira internacional de armas, em abril, no Rio de Janeiro. LAAD Defence & Securitymaior feira de defesa e segurança da América Latina, que deve receber pelo menos 450 marcas nacionais e internacionais.

Decreto de Bolsonaro deve transformar mercado brasileiro de armas

Não dá pra cravar a quantidade de dinheiro movimentada por armas e munições no Brasil, já que a Associação Nacional da Indústria de Armas e Munições (Aniam) disse não ter controle dos dados. No entanto, basta se basear no faturamento da Taurus Armas de R$ 623,5 milhões nos primeiros nove meses de 2018, para atingir a marca bilionária.

Boas vindas

Assim que Jair Bolsonaro (PSL) assinou o decreto de flexibilização da posse de armas, Onyx Lorenzoni confirmou planos do governo federal de abrir o mercado armamentista brasileiro. O chefe da Casa Civil citou redução de alíquotas e impostos que incidem sobre armas como atrativos.

“Isso está em estudo. A gente sempre lembra que deveria ter uma instalação de fábricas aqui no Brasil, na maioria dos países essa é uma condicionante para a competição, então o governo pensa dessa forma para poder receber novas fábricas”, declarou o ministro aos jornalistas após a assinatura do decreto.  

Bolsonaro, na posse, ao lado do presidente Taurus, Salesio Nuhs

Os planos de Onyx não soaram bem aos ouvidos da Taurus. As ações da empresa brasileira caíram fortemente. Cenário distinto da alta de mais de 60% do início do ano. O receio de concorrência é motivo de desconfiança entre investidores.

Com ou sem presença de estrangeiros, o mercado brasileiro de armas está em pleno crescimento. Em 2018, o número de registros de armas chegou a 48,5 mil, comparados com os 45,5 mil de 2017. Os dados são da Polícia Federal. Em contrapartida, existem no Brasil, segundo especialistas, 15 milhões de armamentos ilegais.

“Isto não significa que as armas serão produtos com um custo acessível, e menos ainda com uma manutenção barata”, declarou ao El País.

Uma pistola simples não custa menos de R$ 4 mil reais em São Paulo. Valor incompatível com a média de renda do brasileiro, R$ 2.270, segundo o IBGE. O desembarque de concorrência pode facilitar a implementação de financiamento e acesso às armas.

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Fotos: foto 1: Lula Marques/foto 2: Reprodução


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