Jair Bolsonaro criticou o Carnaval de rua do Brasil. Para isso, o presidente eleito destilou homofobia em uma cena quase pornográfica. A postura causou espanto por disseminar imagens obscenas – sem consentimento – em uma conta seguida por mais de 3 milhões de pessoas no Twitter e também por passar a impressão equivocada sobre a maior festa popular do país.
Além de importante para a economia, o Carnaval é um momento de alegria e excessos. No entanto, dizer que a cena de um homem colocando o dedo no ânus descreve o evento é, no mínimo, um equívoco. Não pegou bem. Além do espanto com a atitude considerada ‘infantil’ de um chefe de estado, a percepção de homofobia não pode ser desconsiderada.
Vindo do presidente da República, o vídeo pode endossar o estereótipo de ‘promiscuidade’que cerca os LGBTs aos olhos de parte da sociedade. Visão responsável pelo alto número de casos de violência e mortes com motivações homofóbicas
Diego Dias é jornalista, publicitário e historiador em formação. Como um homem LGBT, ele vê com temeridade o tweet do presidente.
Após o conteúdo impróprio, ele perguntou: ‘o que é golden shower?’
“O carnaval é a festa da carne. A única época do ano em que as pessoas ficam mais permissivas para esse tipo de excesso. No entanto, é importante que sejam planejadas e colocadas em prática medidas de precaução e fiscalização para que ninguém se sinta ofendido e não simplesmente colocar a culpa nos bloquinhos (que são a única coisas que as pessoas pobres conseguem fazer no carnaval) ou nos LGBTs”, declarou ao Hypeness.
Bolsonaro, que já adotou posturas homofóbicas num passado recente, justificou o compartilhamento do vídeo.
Não me sinto confortável em mostrar, mas temos que expor a verdade para a população ter conhecimento e sempre tomar suas prioridades. É isto que tem virado muitos blocos de rua no carnaval brasileiro. Comentem e tirem suas conslusões: pic.twitter.com/u0qbPu9sie
Jair Bolsonaro, LGBTs e Carnaval nunca foram bons amigos. Ao lado de Caetano Veloso, Daniela Mercury gravou a canção Proibido Carnaval com mensagens contra Damares Alves e o próprio presidente.
“Quilombola, tupinambá
O corpo é meu, ninguém toca
Vatapá, caruru
Iemanjá lá no sul
Vai de rosa ou vai de azul
Abra a porta desse armário
Que não tem censura pra me segurar
Abra a porta desse armário
Que alegria cura
Venha me beijar”
Incomodado, o presidente ameaçou com cortes de verba na Lei Rouanet e ainda citou uma marchinha como resposta. “Dois ‘famosos’ acusam o Governo Jair Bolsonaro de querer acabar com o Carnaval. A verdade é outra: esse tipo de ‘artista’ não mais se locupletará da Lei Rouanet”, escreveu o capitão reformado.
Dois “famosos” acusam o Governo Jair Bolsonaro de querer acabar com o Carnaval. A verdade é outra: esse tipo de “artista” não mais se locupletará da Lei Rouanet. ASSISTA: pic.twitter.com/37XQEvyBWt
Nas ruas, Bolsonaro recebeu xingamentos, sobretudo pela postura hostil contra LGBTs. “Ei Bolsonaro, vai tomar no c*” foi tônica pelos bloquinhos Brasil afora. Para analistas, o compartilhamento do vídeo gravado no Blocu, no centro de São Paulo, é uma resposta aos críticos. Não caiu bem.
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