Ciência

Primeira mulher a vencer o ‘Nobel da matemática’ estudou formas das bolhas de sabão

20 • 03 • 2019 às 13:13
Atualizada em 20 • 03 • 2019 às 17:18
Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Na última terça-feira, dia 12 de março, a Academia Norueguesa de Ciências e Letras pela primeira vez anunciou o nome de uma mulher ao oferecer o Prêmio Abel, equivalente, na matemática, ao Nobel. A vencedora foi a americana Karen Uhlenbeck, professora de 76 anos da Universidade do Texas, na cidade de Austin. Por suas contribuições e pioneirismo em diversas áreas de análise ela recebeu o valor 700 mil dólares – cerca de 2,6 milhões de reais. Sua pesquisa principal se baseia nas formas da bolhas de sabão.

A matemática Karen Uhlenbeck

Karen estabeleceu como as complexas formas das películas de sabão se comportam em espaços curvos abstratos e de alta dimensão. Ela também colocou bases matemáticas em técnicas físicas de teoria quântica, ajudo na criação do que se conhece como análise geométrica e criou métodos hoje populares em análises matemáticas. Como não há Nobel de Matemática, o Prêmio Abel é o mais importante no ramo junto da Medalha Field. Enquanto Karen é a primeira mulher a receber o Abel, e a Field só premiou uma mulher em sua história: a iraniana Maryam Mirzakhani, que recebeu o prêmio em 2014 e faleceu em 2017.

“Senti muito o que era ser mulher durante toda a minha carreira. Ou seja, nunca me senti como um dos caras”, ela disse. O prêmio Abel naturalmente não é seu primeiro feito: ela ganhou aos 41 anos a bolsa MacArthur Fellowship, no valor de 204 mil dólares e, em 1990, se tornou a segunda mulher a dar palestras em destaque no Congresso Internacional de Matemáticos – a primeira havia sido Emmy Noether, em 1932. Karen se entende como um modelo para mulheres na ciência, e celebra tal posto. “Olhando para trás percebo que tive muita sorte. Estava na vanguarda de uma geração de mulheres que poderiam conseguir empregos na academia.”

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