Segundo Bolsonaro, ‘maioria dos imigrantes não têm boas intenções’

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A visita de Jair Bolsonaro (PSL) aos Estados Unidos foi marcada pela troca de afagos com Donald Trump. À Fox News – principal apoiadora do republicano – o presidente brasileiro defendeu a postura anti-imigratória adotada por Trump, endossando inclusive a construção de um muro na fronteira com o México.

Bolsonaro declarou que “a maioria dos imigrantes não têm boas intenções, nem quer o melhor ou fazer bem ao povo americano”. O militar da reserva acrescentou, “concordamos com a postura sobre o muro”.

Jair Bolsonaro não escondeu a alegria de se encontrar com Trump

Pegou mal. Bolsonaro, o “Trump dos trópicos”, como é chamado pela imprensa norte-americana, recebeu quantidades expressivas de votos de imigrantes brasileiros, que não gostaram da fala do mandatário tupiniquim. Aliás, durante a gestão Trump, o número de brasileiros deportados cresceu 29%. O Brasil é dono da 19ª comunidade nos EUA. Segundo o Itamaraty, 1,3 milhão de pessoas vivem lá. Um quarto ilegal.

No entanto, para Jair Bolsonaro a política anti-imigratória trumpista colabora com a manutenção da democracia na América do Sul. “Eu gostaria muito que os EUA levassem adiante a atual política de imigração, porque em larga medida nós devemos a nossa democracia no Hemisfério Sul aos Estados Unidos”.

O presidente do Brasil criticou a França pela abertura de fronteiras para “receber refugiados sem qualquer tipo de seleção ou de filtro”. Continuou, “ter fronteiras abertas em minha visão é uma visão absolutamente ruim. Não é uma decisão nada boa.”

O presidente do Brasil endossou a construção do muro de Trump

Some isso ao posicionamento de Eduardo Bolsonaro (PSL), que dois dias antes, declarou que brasileiros em situação ilegal nos EUA são “uma vergonha” para o Brasil. O presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara elogiou os Estados Unidos por não liberar a isenção de visto de turismo aos brasileiros. Segundo ele, porque “várias pessoas entrariam nos EUA de maneira ilegal e ilegalmente permaneceriam lá”.

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Depois de encontro com Donald Trump, Jair Bolsonaro voltou atrás do posicionamento que classificou como “um equívoco” e que a maior parte dos imigrantes têm “boa intenção”.

Natalícia Tracy, líder de uma das  principais associações de imigrantes brasileiros nos Estados Unidos, manifestou desapontamento com Bolsonaro.

“É muito frustrante que os imigrantes – 99% dos quais são pessoas de bem, que estão aqui há décadas com suas famílias, com crianças, que estudam e pagam seus impostos – sejam tratados como criminosos”, declarou à BBC Brasil.

Isenção de visto

Além da autorização para a presença norte-americana na base de Alcântara (MA), Jair Bolsonaro extinguiu a exigência de visto para turistas norte-americanos – japoneses, canadenses e australianos também. O afrouxamento mira, aos olhos do presidente, o potencial de investimento dos turistas norte-americanos.

Os EUA não mudaram políticas imigratórias em relação ao Brasil

“Ah, o visto, olha só, a gente não vê nenhum americano indo para o Brasil para ganhar estabilidade via CLT, buscar emprego lá [no Brasil]. O contrário, para cá [Estados Unidos], existe, mesmo não havendo qualquer garantia. Então, há uma diferença”, salientou Bolsonaro.

Em 2017, o Brasil recebeu 475,2 mil viajantes dos Estados Unidos – queda de 7% em relação ao ano anterior. No início de 2018, o governo federal registrou aumento de 87% na emissão de vistos para turistas dos EUA.

A reciprocidade, palavra favorita de Donald Trump, não aconteceu. O processo segue o mesmo para brasileiros que pretendem viajar para os Estados Unidos. O governo não conseguiu sequer um espaço no Global Entry, que apressa a entrada no país de viajantes frequentes.