Inspiração

Sobrevivente de desastre da Chapecoense morre de infarto jogando futebol

27 • 03 • 2019 às 10:39
Atualizada em 27 • 03 • 2019 às 10:44
Redação Hypeness
Redação Hypeness Acreditamos no poder da INSPIRAÇÃO. Uma boa fotografia, uma grande história, uma mega iniciativa ou mesmo uma pequena invenção. Todas elas podem transformar o seu jeito de enxergar o mundo.

Rafael Henzel era a esperança de vencer a morte. Esquece, fase pretensiosa demais. Henzel foi o símbolo da alegria de viver. Melhor assim. Mais que um jornalista, o homem de 45 anos sobreviveu ao lado Neto, Alan Ruschel e Jeackson Follman ao acidente que vitimou colegas de imprensa e praticamente o time todo da Chapecoense.

Eis que uma terça-feira de decisões de campeonatos estaduais, chega a notícia de que Rafael Henzel faleceu. 845 dias depois do início da segunda vida, como o próprio descrevia em palestras – como a que esteve há alguns dias na Espanha -, o comunicador morreu vítima de um infarto enquanto jogava uma pelada sem compromisso com os amigos.

Rafael não foi escolhido. Ele viveu fazendo o que amava

O jornalista chegou a ser levado de helicóptero ao Hospital Regional do Oeste, mas não resistiu. No entanto, como ele mesmo escreveu em livro lançado em 2017, Viva Como se Estivesse de Partida. É a mensagem deixada por esse marido e pai de menino.

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“Não me vejo como um escolhido, mas as pessoas me veem assim. Acho que as pessoas têm de entender que eu sou um cara que se salvou graças a um milagre. Não preciso agarrar um microfone e começar a rezar para convencer a todos. Acho que isso seria um erro, afastaria muita gente. Precisamos entender que há uma coisa muito forte, há um Deus muito poderoso que abraçou essas pessoas e evitou que elas morressem”, declarou no livro.

Sua história se confundiu com a da Chapecoense

Henzel deixou memórias estupendas. Tamanha a força, que certamente suas narrações emocionadas com a Chapecoense converteram pessoas ao futebol. A emoção transmitida por Rafael ao narrar o primeiro gol da Chape depois do acidente é indescritível.

“O meu coração transborda de felicidade”, diz Henzel enquanto grita o gol que colocaria o time de volta na Libertadores da América de 2017.

“Um ano depois, a Chapecoense chega ao gol da Pré-Libertadores. Gol extremamente importante”, brada o narrador, que não resiste ao choro. Nem deveria!

“Extravase, chore, Rafael”, sacramenta um companheiro de transmissão. Ele acata com naturalidade.

“Como tem que ser, na luta, na força, na garra, como foi o ano, como foi a vida dos chapecoenses, que há um ano choravam pelos seus mortos aqui na Arena Condá. E a gente chora de felicidade, de alegria, um ano depois”.

Em campo, com a família e microfone

Ficam os jogos, o encontro com Galvão Bueno, os sorrisos e narrações inesquecíveis. Rafael foi um dos grandes. Morreu jogando bola, “prazer em correr com as canelas-finas”, escreveu nas redes sociais há alguns dias.

Nada de escolhido ou profeta. Rafael Henzel deixa o exemplo de quem tem paixão pela vida. Desfrutou intensamente ao lado do que mais amava, microfone, família, futebol e Chapecoense.

“O clube acabou se impregnando em mim, e as pessoas já não falam ‘o jornalista’, mas ‘o jornalista da Chapecoense’. A paixão pela Chape ficou ainda mais forte”.

“Vamo, vamo Chapeeee”

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