Canais Especiais Hypeness
-
Adotar é Hype
-
Namore-se
Reverbo: Mostra autoral revela a nova e potente leva da música pernambucana
Esta semana, Zélia Duncan tuitou: “Compositores, poetas, cantores de Pernambuco… salvadores da Pátria”. Não era de passado que a cantora falava. Nem tinha saudosismo em seu depoimento sobre manguebeat, Chico Science e toda aquela turma boa que chamou a atenção do mundo para a produção desse estado nordestino.
Zélia está atenta ao presente. Porque, de fato, a música de Pernambuco vive um momento peculiar, ainda pequeno, mas que se mostra crescente e potente. E nós, também estamos antenados e adiantamos ao leitores dos Hypeness o que se passa por aqui. A nova história tira dos holofotes os tambores do maracatu e os demais ritmos contagiantes da rica cultura popular, para colocar em cena a palavra. Frases e pensamentos muito bem compostos que, acompanhados apenas de violão, mostram um Pernambuco da canção.
Dezessete artistas participaram na mostra de música Reverbo, que aconteceu no Teatro de Santa Isabel, no Recife.
Quase 600 pessoas lotaram o Teatro de Santa Isabel, no Recife, para ver de perto os 17 artistas que participaram da mostra Reverbo.
Tempos políticos efervescentes, desentalam gargantas criativas, não é mesmo? Já vimos algo forte e parecido surgir no País em época de ditadura e censura. E, Pernambuco – de verve literária, libertária e com diversas histórias de luta -, resiste e compõe. A prova do que queremos despertar aconteceu no último sábado, no Teatro de Santa Isabel, no Recife, uma das mais emblemáticas e históricas casas de espetáculos do Brasil.
Naquela noite, teve suas 570 poltronas ocupadas por pessoas que já entenderam a nova movimentação. Gente que pagou ingresso para ver de perto o “Reverbo”, mostra de música autoral, que em sua 5ª edição reuniu 17 artistas de várias regiões pernambucanas. Para quem lê este texto, que fique bem claro: ”Reverbo não é movimento”. É movimentação, segundo o músico que representa a interseção entre as cabeças pensantes e fecundas que estavam no palco naquela noite. Juliano Holanda, que em 2015 lançava seu primeiro trabalho solo, “A arte de ser invisível”, saiu do estado oculto (mesmo que naquele tempo já tivesse mais de 100 composições de sua autoria gravadas por diversos artistas) para entrar em um outro modo de atuação. Por talento e competência, considerado um dos mais ativos compositores da atualidade no Brasil, deixou de lado a invisibilidade e, por escolha, trouxe com ele, para as luzes da nova música de Pernambuco, compositores e intérpretes que ia conhecendo e formando parcerias, do Sertão ao Litoral pernambucanos.
O resultado é, sem dúvidas, surpreendente. E o formato do Reverbo, certamente, aparece neste momento de País como um modelo de vanguarda na história da música brasileira. Simplesmente porque vai além da conexão entre artistas. Tudo começa na disponibilidade de um ouvir o outro, cantar o outro. O único instrumento de acompanhamento para as canções é o violão, que já mostrou sua eficiência na trajetória da MPB. Reuniões no pequeno apartamento de Juliano e sua companheira, a produtora Mery Lemos (ah! os apartamentos…) começaram há cerca de quatro anos, e se transformaram em um laboratório afetivo, onde competitividade é palavra extinta. Os dezessete que estavam no palco do último sábado, representam um terço, contando por baixo, segundo Juliano, da compilação de talentos musicais espalhados por Pernambuco que estão dedicados ao gênero da canção. Para eles, que não são um grupo, e se auto afirmam como família, existe uma consciência em comum na produção dos encontros: “Sozinho a gente vai mais rápido. Junto, a gente vai mais longe”. Outras quatro mostras já foram realizadas do ano passado para cá, chegando inclusive ao interior, Santa Cruz do Capibaribe e Caruaru, duas cidades do Agreste do Estado.
Sábios e carinhosos entre eles e com o público que os acompanham, já vêem de perto, em suas carreiras individuais, a força da movimentação que reverbera. Na semana passada, a cantora Zélia Duncan lançou, pelo selo Biscoito Fino, o single “O que mereço”, de autoria de J. Holanda e que estará no primeiro disco de Tonfil, artista do Sertão do Pajeú, de uma doçura na voz encantadora. São muitos para se falar, mas também podemos citar aqui Flaira Ferro, multiartista que em seu último videoclipe, “Revólver” traz um frevo contemporâneo como arma popular e diz que “no contra-ataque da guerra, arte!”. Esse mês, foi convidada por Pitty para abrir seu show no Baile Perfumado, casa de shows na Zona Norte do Recife, que recebeu 3,5 mil pessoas. Dia desses, por exemplo, quem estava no apartamento de Juliano e Mery, curioso para ouvir essa “turma nova de Pernambuco”, foi Chico César. De lá, saiu encantado e voltou para a Paraíba conectado com vários deles. Almério, já teve nas mãos o Prêmio da Música Brasileira como cantor revelação, tem estado em vários grandes palcos e festivais e no mês passado foi aclamado pelo público em seu show no Teatro Riachuelo, no Rio de Janeiro.
Entre os artistas que fazem o Reverbo, a consciência é coletiva: Sozinha se chega mais rápido. Junto, se chega mais longe.
Bem, só na noite do último sábado, tinham no palco do Reverbo 17: os vindos e vividos da “capital” Juliano Holanda, Marcello Rangel, Flaira Ferro, Jr. Black, Luiza Fittipaldi, Vinícius Barros, Igor de Carvalho, Mayra Clara; e os do interior do Estado PC Silva (Serra Talhada) Alexandre Revoredo (Garanhuns) , Gabi da Pele Preta (Caruaru), Almério (Altinho), Tonfil (São José do Egito), Ágda (Santa Cruz do Capibaribe), Lucas Torres (Goiana), Helton Moura (Arcoverde) e Gean Ramos (Jatobá). Mas, também temos que lembrar que já estiveram em mostras passadas, como Isadora Melo, Martins, Isabela Moraes, Rogéria Dera, Valdir Santos, Vertin Moura… Uma lista que não é fechada, dizem eles, porque o abraço é grande e cabe todo mundo que esteja disposto a viver a relação de troca e comunhão da arte.
“Sabemos da importância de cada um. E essa força é muito poderosa. Fazer show sozinho é incrível, mas nada se compara a estar junto com eles. Chega fico nervoso”, disse Almério antes de entrar em cena no Santa Isabel. “É importante que a gente tenha a dimensão do que estamos propondo para este momento de País. Que a gente possa incentivar as pessoas a despertar, na prática, o afeto e a união na arte”, coloca Flaira Ferro. “Esta é minha primeira vez em uma mostra Reverbo. Me sinto acolhida e agradecida”, colocou Luiza Fittipaldi.
Também pela primeira vez entre a movimentação, Gean Ramos, nascido em Jatobá, o músico é indígena, da tribo Pankararu. A ele, coube o único poder de fala durante o show (além de Juliano, diretor musical), em 2h15 de espetáculo. “Aqui comigo, todos os pés de jatobá, de imburana, todo caroá, todos os encantos que estão ameaçados e todos os encantados que estão a batalhar, pedem para dizer que não vamos desistir”.
Para conhecer os artistas do Reverbo, sugerimos acessar seus perfis no Instagram:
Juliano Holanda, Marcello Rangel, Flaira Ferro, Jr. Black, Luiza Fittipaldi, Vinícius Barros, Igor de Carvalho, Mayra Clara, PC Silva, Alexandre Revoredo, Gabi da Pele Preta, Almério, Tonfil, Ágda, Lucas Torres, Helton Moura, Gean Ramos, Isadora Melo, Martins, Isabela Moraes, Rogéria Dera, Valdir Santos, Vertin Moura.
Para assistir mais vídeos da mostra de música Reverbo, vem aqui.
Publicidade
Cheguei em San Francisco na última terça-feira (16) sem a menor ideia do que nos esperar. Há mais ou menos um mês...
Novidade para muitos profissionais e empresas, o trabalho remoto vem crescendo e mostrando que veio para ficar. O...
Por Gabriela Rassy e Rafael Oliver Depois de dois anos de pausa, o Lollapalooza voltou ao Autódromo de Interlagos...
Parece até que foi ontem que o quarteto de Liverpool dominou o mundo com suas músicas, estilo e talento. Em São...
Numa mistura entre natureza e arte, o MECAInhotim chega à sua 5ª edição em um momento em que a região de...
Antes de tudo... solta o som aí: Deu o play? Então, vamos ao que interessa: O Spotify inaugurou a Casa de...
São Paulo tem ótimos restaurantes, ninguém pode negar. Em tempos em que a gastronomia brasileira é muito...
O Hypeness foi conferir o 'Desafio de Design Braskem', em parceria com a Kimberly Clark. Os competidores, jovens...
As ilhas de Seychelles foram descobertas por Vasco da Gama em 1502, porém o país demorou a ser colonizado por ser...