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No decorrer da última década, as conferências criativas entraram de vez no calendário oficial do mercado. Atraídos pelas promessas de crescimento, pesquisa e networking, profissionais de áreas variadas atravessam o mundo para conferir tendências, palestras e realizar oficinas com líderes em inovação global. Mas a realidade nem sempre é tão colorida: a alta procura e as dimensões de muitos desses eventos com frequência deixam nos participantes também uma sensação de desorientação, falta de foco e massificação da experiência.
Se considerarmos que plateias infladas e programação pulverizada são o padrão das grandes conferências, podemos dizer que Adobe 99U é quase uma ‘anticonferência’. Realizada no imponente Lincoln Center, em Nova York, a 99U se aproveita da variada oferta de instalações do complexo para criar uma experiência imersiva, cujo foco está no engajamento coletivo e na proposta curatorial. Do conceito e da seleção de palestrantes a detalhes como cardápio e snacks – em sua maioria orgânicos, com baixo índice glicêmico e ricos em ingredientes saudáveis –, tudo é deliberadamente concebido para evitar as armadilhas do segmento.
Com participação limitada a mil pessoas, a conferência apresenta um recorte selecionado de palestras, masterclasses e workshops, além de visitas a escritórios criativos pela cidade. Nesse ambiente, onde menos é mais, o aprendizado, o contato entre o público e o acesso a lideranças é sensivelmente amplificado. Mais importante, se oferece ao público e ao mercado algo cada vez mais crucial: uma visão. Em 2019, a visão apresentada pela 99U foi das mais atuais: discutir o futuro da criatividade e o papel dos seres humanos em um mundo que tende a nos tornar descartáveis. Em retrospecto, surpreende o quanto o evento conseguiu contribuir com o tema em apenas dois dias.
Automação e precarização crescente do trabalho, crise ambiental, instabilidades políticas, proliferação da desinformação e discursos de ódio, atuação predatória das big techs – tensões referentes ao futuro, muitas delas já antecipadas no presente, não faltam. Após um longo período de embates entre conscientização e retrocessos civilizatórios, uma linha divisória fica cada vez mais clara no mundo corporativo, social e político: para indivíduos ou instituições, a ilusão de neutralidade chegou ao fim. É fundamental demonstrar, em palavras e ações, de que lado se está.
Em 2019, a Adobe decidiu reforçar essa linha e declarar, com todas as letras: não existe futuro a menos que os valores humanos estejam no centro. “Agora que vivemos no futuro”, diz Andrea Rosen, diretora da 99U, “sabemos que ele exige mais do que o impulso de seguir adiante, orientado pelo crescimento a qualquer custo”. Colocar a criatividade no centro desse processo, ela defende, é uma declaração de esperança por esse novo mundo. “Um mundo criado por pessoas empoderadas e equipadas para colocar valores humanos em prática”.
À medida que a conferência se desenrolou, ficou clara a onipresença desse statement. Nas atividades, a busca é por estimular visões criativas que possam reconduzir o humano e a responsabilidade com o planeta ao centro da inovação. Mais do que perseguir o buzz, o “instante instagramável”, trata-se de resgatar o verdadeiro sentido do termo “conexão”, perdido no oceano de ansiedade e estímulo periférico das redes tornadas antissociais.
Ao final, a sensação é a de que ainda há muito a se fazer e compreender para construir esse futuro desejado, mas que uma mudança gravitacional significativa já está em curso. A seguir, extraímos alguns aprendizados que resumem as principais discussões e propostas desses dois dias.
PhD em neurociência, a Dra. Vivienne Ming é pioneira no uso de machine learning para o tratamento de distúrbios físicos e mentais. Para ela, o que diferencia humanos e máquinas é a capacidade de sonhar e explorar o desconhecido. “O problema é que poucos têm coragem de dividir sua visão com o mundo”. Para ela, empresas e profissionais só são inovadores quando têm propósitos maiores do que o lucro e o trabalho, e cultivam ambientes baseados em honestidade. “Criatividade é ter coragem para dizer e fazer o que é certo. Se o risco de perder seu trabalho é maior do que o de dizer a verdade para o seu superior, é impossível inovar”.
Na prática:
À frente da sua Escola de Computação Poética, Zach Lieberman usa dados coletados por algoritmos para desenvolver arte baseada em movimentos corporais, realidade aumentada, ondas sonoras e outros estímulos. Seu trabalho se baseia em um exercício de diálogo constante consigo mesmo e com os outros. “Eu quis criar um lugar em que pudesse realmente ouvir as pessoas e criar junto com elas”.
Na prática:
Zach Lieberman abre seu estúdio semanalmente para conversar com visitantes. A ideia é ter um dia para “não pensar em trabalho, mas ouvir e entender as pessoas e entender como ajudá-las. É se abrir para o mundo e estar disponível”.
O córtex pré-frontal, área do cérebro responsável pela criatividade, fica mais ativo enquanto não estamos realizando uma tarefa. O problema, na sociedade atual, é que temos estímulos demais – em média, passamos 11 horas por dia na frente de telas. Para Kyle T. Webster, ilustrador premiado e evangelista de marca da Adobe, é urgente encontrarmos formas de exercitar o tédio “criatividade é algo que surge quando você tem tempo e espaço para isso – por isso, o tédio é uma bênção”. Controlar seu subconsciente é impossível, mas é possível criar situações para que ele desenvolva ideias.
Na prática:
Para o CEO da IDEO, Tim Brown, a preocupação com a ética não pode travar o ímpeto de inovar. “Precisamos de sistemas para garantir que nosso trabalho faça menos mal ao mundo, mas não podemos ter medo de assumir riscos. A chave é entendermos que o design é mutante por natureza, e nos comprometermos com a responsabilidade de acompanhar seus resultado”.
Na prática:
Desenvolver métodos e projetos com parâmetros circulares, que criem valor compartilhado, acompanhados por políticas de monitoramento capazes de efetuar eventuais correções de rota.
“As empresas não competem mais entre si, mas com o futuro – nosso trabalho é levá-las até ele mais rápido”. Segundo Brian Collins, CCO da COLLINS, a chave para o futuro criativo é buscar formas de conectar valores de marca e necessidades de mercado para atender necessidades reais de forma sustentável e inteligente. Só assim podemos sair de uma postura reativa e sermos propositivos.
Na prática:
A metodologia de design da COLLINS parte do propósito de marca para conectar meios, crenças e necessidades de mercado. A partir desses elementos, desenvolve os sistemas, símbolos e histórias que trarão o serviço ou produto à vida.
Tim Brown aponta que os sistemas mais complexos do mundo natural, como a Floresta Amazônica, são marcados por um alto nível de complexidade e troca de informações. Isso, porém, ainda não é uma realidade em todos os times criativos: “uma das maiores desvantagens do design é que se trata de uma das práticas sociais menos diversas de todas. Precisamos combater esse problema, e felizmente isso começa a acontecer”.
Na prática:
Adoção de políticas inclusivas e times multidisciplinares, com diferentes recortes de formação, idade, gênero, extrato socioeconômico, étnico e outros.
Ashley C Ford é escritora, ativista e apresentadora. Para ela, grande parte dos problemas do mundo é fruto da falta de imaginação: o racismo, por exemplo, nasce da incapacidade de alguém se imaginar no lugar de outra pessoa e conceber uma realidade diferente da sua. Nessa perspectiva, o exercício da imaginação como habilidade de imaginar outras realidades é a ferramenta mais poderosa para transformação do mundo.
Na prática:
Quando você precisa resolver algum desafio, busque exemplos e práticas em universos diferentes – quanto mais longe você for, mais original será a sua solução.
A empatia é um dos fundamentos do design. “Mas não confunda com ser legal e educado. Empatia é outra coisa”, diz Michael Ventura, fundador da Sub Rosa e autor do livro Applied Empathy, que apresenta uma metodologia premiada para o exercício criativo da empatia. Qualquer projeto que não se baseie em considerar as necessidades do usuário final está fadado ao fracasso.
Na prática:
A metodologia de Ventura se baseia em 7 arquétipos: o Sábio, o Questionador, o Agregador, o Alquimista, o Confidente, o Explorador e o Cultivador. Para saber mais, acesse o site.
Para a artista visual e designer de informação Giorgia Lupi, fundadora da Accurat, a compreensão sobre o que são dados ainda é limitada, mesmo por quem trabalha na área. Dados são mais do que entradas numéricas em linhas de código: são elementos de leitura do mundo. É preciso coordenar dados digitais com dados físicos e humanos para criar manifestações mais compreensíveis e engajadoras.
Na prática:
Combine design de alto nível com dados básicos para desenvolver soluções centradas no usuário.
Kat Holmes, diretora de UX Design do Google, acredita que, quando desenvolvemos experiências de usabilidade que consideram a acessibilidade desde o começo, a atenção aos detalhes é muito maior e o resultado final é sempre melhor para todos.
Na prática:
Adote parâmetros de acessibilidade em projetos de design desde o começo.
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