Pode parecer uma mera calçada, mas, para quem anda em cadeira de rodas, aquele degrau é um obstáculo intransponível. Buscando chamar atenção para o problema, a ONG Movimento SuperAção convidou artistas para levar graffitis àquele meio-fio que carece de rampas.
A ação faz parte do projeto “Sem Rampa, Calçada é Muro”, idealizado pela agência Z+. Mesmo que 45 milhões de brasileiros declarem ter algum tipo de deficiência, apenas 4,7% das calçadas do país possuem acessibilidade – os dados foram publicados pelo IBGE.
Arte: Minhau / Foto: Genga Estúdio
Graças à participação de artistas como Apolo Torres, Bruno Mazola, Clara Leff, Chivitz, Dinas Miguel, Feik, Felipe Palacio, Ignoto, Mazola Marcnou, Minhau, Negritoo, Ojos Blancos, Tarik e Tito Ferrara, nenhuma destas calçadas sem acessibilidade vai passar em branco a partir de agora.
Arte: Mazola / Foto: Vitor Garcia
Até o momento, a campanha já espalhou 14 graffitis por meios-fios paulistas que deveriam, por lei, contar com rampas de acesso. Elas estão localizadas Barra Funda, Bela Vista, Campo Belo, Chácara Santo Antônio, Jaraguá, Lapa, Liberdade, Mooca, Pinheiros, Sumaré e Vila São Francisco, além de Embu das Artes. O projeto já foi estendido para o Rio de Janeiro e Recife.
Todas as obras podem ser vistas no Instagram @calcadaemuro, que serve também como um mapa das zonas que precisam de investimento em acessibilidade.
Para ecoar ainda mais as necessidades de quem se locomove em cadeira de rodas, a campanha chama todos a participar. Basta escolher uma calçada que deveria ter rampa em frente a uma faixa de pedestres e soltar o artista que há em você. Depois de pronto, o graffiti deve ganhar também o stêncil do projeto, que pode ser baixado no site oficial do Calçada é Muro.
Arte: Chivitz / Foto: Genga Estúdio
Uma solução tão simples como a colocação de uma rampa de acesso pode ter um impacto enorme na qualidade de vida de um cadeirante. E quem disse que uma dose de criatividade não é capaz de mudar o mundo?
Um vídeo publicado pela Minhau mostra que ao menos um dos graffitis já começou a ser destruído. Por um bom motivo. Vai dar lugar a uma rampa de acesso, claro.
Criadora do Quase Nômade, contadora de histórias, minimalista e confusa por natureza, com os dois pés (e um pet) no mundo. Chega mais perto no Instagram.