08 • 05 • 2019 às 18:39
Atualizada em 05 • 09 • 2019 às 10:46
Pedro DrablePedro Drable é publicitário e engajado na causa de animais de rua desde que adotou uma cadelinha chamada Dory. A história de superação dessa cadela sobrevivente de cinomose e seu dia a dia cheio de humor podem ser acompanhados pelo instagram @dorydalata. No mesmo Instagram, o publicitário lançou a Dalata, uma marca para amantes de pets que reverte um terço dos lucros para ajudar abrigos, protetores independentes e animais em risco.
Gostando ou não do desenvolvimento da última temporada, ‘Game of Thrones’ é uma série que já marcou seu lugar na história da televisão mundial. Mas desde o boom da série, um efeito não previsto foi percebido em abrigos de diferentes lugares do mundo: o aumento do abandono de cachorros de raças como Huskies, Malamutes, Akitas e outros animais que se parecem com os lobos dos Stark.
Parece estúpido, mas é real: um sem número de pessoas se encanta com a aparência de um animal que surgiu na mídia e, por impulso, adota (ou pior, compra) um bicho similar, sem considerar o que de fato significa criar um cachorro. Depois de um tempo, as “dificuldades” (ou responsabilidades) de criar o animal começam a surgir e eles acabam abandonados, aumentando o problema dos animais de rua e a superpopulação de abrigos. E se você pensa que esse é um fenômeno isolado, precipitado pelo sucesso gigantesco de GoT, infelizmente você está errado. Filmes como “Legalmente Loira” e “Homens de Preto” são creditados por aumentar o comércio (e, consequentemente, o abandono) de chihuahuas e pugs, respectivamente.
Influenciadas pela frisson da cultura pop, muitas pessoas tomam decisões por impulso e acabam se arrependendo depois, como em qualquer onda de “consumo”. O problema é quando essas decisões irresponsáveis impactam diretamente a
saúde, o bem estar e o futuro de outra vida.
Por isso, com o season finale de ‘GoT’ dobrando a esquina, precisamos falar sobre adoção responsável. O termo resume a importância de entender o impacto, as exigências e o grau de comprometimento que serão necessários para que se possa dar uma boa vida a um animal adotado. E quem pensa em pagar por um animal deve seguir os mesmos cuidados, já que continua sendo um compromisso por toda a vida do bichinho. Mas seria mais legal parar de pensar em comprar e adotar, como a gente já discutiu nesse texto aqui.
Para tornar essa discussão mais rica, resolvemos conversar com um grupo de pessoas que precisa lutar com um dragão por dia para manter a saúde e o bem estar de dezenas de animais em busca de um lar definitivo. conversamos com os membros do Instituto Patruska, um grupo de protetores e voluntários liderado por Patruska Barreiro que trabalha na proteção, resgate e incentivo a adoção de animais em Salvador, BA. Acompanhe a entrevista a seguir, e entenda por que a adoção responsável é um conceito tão importante para os protetores de animais e para quem planeja ter um Ghost em casa.
Como vocês definiriam o conceito de Adoção Responsável? Patruska Barreiro: Adoção Responsável é a aceitação de uma família em receber um novo membro de uma espécie diferente, e se responsabilizar pelos cuidados necessários que visem a saúde e bem estar físico e mental do animal, por toda a sua vida.
Quais são as coisas mais importantes de se avaliar sobre a sua vida quando você decide adotar um animal?
As quatro questões mais importantes são as seguintes:
1 – Você tem tempo para se dedicar ao animal?
2 – Tem condições financeiras de criar o animal?
3 – As pessoas que moram com você estão de acordo?
4 – Está comprometido com a ideia de cuidar do animal por no mínimo 15 anos?
Se qualquer das respostas for não, esse não é o momento de adotar um animal.
Existe algum cuidado importante para a adoção segura de animais de abrigo?
Acho que primeiro é legal deixar claro que nós não consideramos o Instituto um abrigo. Não temos uma sede, os animais ficam na casa de Patruska – que mora em um sítio – e de alguns voluntários, que disponibilizam o espaço. Fora isso, temos um limite de animais, não acumulamos. Sabemos que só somos capazes de ajudar uma certa quantidade de bichos da forma adequada, então para resgatarmos mais cães e gatos, precisamos primeiro conseguir a adoção responsável para aqueles que já resgatamos. Nosso cuidado com a segurança dos nossos animais vem principalmente durante a entrevista. Sempre repetimos algumas recomendações. No caso de filhotes, deixamos claro que eles estão na fase de destruição. Que a pessoa provavelmente vai perder o sofá, sapatos, cabos de carregador, celular etc. E que tanto adultos quanto filhotes vão precisar aprender onde fazer as suas necessidades, e tem comportamentos que são naturais de cães como roer, passear diariamente e brincar. Fora isso, que ter um animal significa ter gastos e mudar sua rotina.
Se a pessoa diz que vai deixar presa no quintal, ela não é aprovada na entrevista. Se a pessoa já teve vários animais que morreram de formas estranhas, também não é aprovada. Patruska sempre diz que uma das perguntas mais importantes a se fazer durante a conversa é “Como seus animais morreram?”, porque precisamos saber como o possível adotante costuma cuidar dos bichos que tem.
Uma outra forma de assegurarmos a segurança dos nossos adotados é o acompanhamento com os adotantes, feito por alguns voluntários, que estão sempre mandando mensagem e checando como o animal está. Estamos sempre a disposição para dar orientações em caso de dúvidas ou problemas de saúde, ajudar em casos de fuga – na hora da entrevista sempre reforçamos a importância do animal andar identificado – e até mesmo buscar o animal, caso a pessoa decida devolvê-lo.
A entrevista e o acompanhamento são as principais formas que temos de tentar garantir a segurança do animal adotado, além de pedir os documentos do adotante. Sempre pedimos rg, cpf, e-mail, telefone, endereço. Enfim, formas de encontrar a pessoa, caso a gente precise.
Quais são os maiores motivos de “devolução” de animais adotados?
Normalmente as pessoas que devolvem, apesar de terem passado da entrevista e de terem sido informadas de todo gasto e cuidado que um animal necessita, devolvem justamente porque não nos levaram a sério. Acabam achando o animal muito dispendioso, ou não pararam para pensar que a sua rotina realmente precisaria ser modificada. Muitas pessoas alegam não ter tempo, ou não ter mais condições financeiras de manter o animal. Algumas também, as que adotam filhotes, costumam dizer que o cão cresceu muito, e que já não cabe no apartamento. Mudanças também são utilizadas como argumento. O famoso “vou me mudar para um local menor, e ele não vai caber lá”.
Outra causa muito comum é que algumas pessoas adotam um animal pela beleza e não pelo temperamento. Muitas pessoas vêm em busca de um animal “fofinho” ou “bonito”, e não param para pensar se preferem um animal agitado ou quieto, independente ou mais apegado, carinhoso ou distante. Sempre que as pessoas nos dizem que querem adotar, perguntamos qual o perfil do animal que a pessoa quer. Mas a maioria só sabe dizer que quer cães filhotes, pequenos ou raçados. O que demonstra que não pararam para pensar direito no assunto.
Que tipo de dano uma eventual “devolução” gera ao animal?
Trauma psicológico que em alguns é irreparável. Medo, depressão, agressividade. Emocional, principalmente. O animal não raciocina da mesma forma que nós. Ele não entende porque durante um tempo foi para uma casa com espaço e dedicação só para ele e, do nada, tem que voltar a viver em um canil. Muitos animais ficam deprimidos, a ponto de realmente morrem de tristeza. Já tivemos alguns casos assim. Tanto de animais abandonados quanto devolvidos. Outros danos causados pelo trauma são medo, depressão, agressividade e problemas comportamentais, que dificultam muito uma nova adoção.
Infelizmente, apesar do nosso esforço, alguns animais acabam tendo com o adotante uma vida com menos qualidade do que a gente conseguia dar conosco, e voltam ainda mais traumatizados e medrosos. Esse medo acaba, em muitos momentos, virando agressividade. E nós temos que ter todo um trabalho de re-socialização com eles, para que eles possam ser adotados novamente.
Que tipos de animais são os mais “adotáveis”? E quais têm mais dificuldade para conseguir um lar?
Com certeza cães de raça, filhotes, e srds de porte pequeno e cores claras. São sempre os mais procurados em nossos eventos e também pelo nosso direct no Instagram. Durante uma época, tivemos alguns filhotes de rottweiler para adoção. Foram mais de 200 e-mails em 1h. Fizemos um post sobre filhotes de vira-latas em um horário de engajamento igual, e só tivemos algumas pessoas interessadas. Em torno de dez, e uma parte não foi em frente com a adoção. Na realidade, até hoje as pessoas comentam em postagens de cães de raça que resgatamos, perguntando se estão disponíveis, mesmo quando eles já foram adotados há muito tempo.
Já os que têm mais dificuldade são os animais de pelagem escura ou tigrada, idosos ou que possuem alguma sequela de doença ou deficiência física. Glória Maria, por exemplo, é uma vira-lata de cor preta, que foi adotada com 3 meses, devolvida e, desde então, espera novamente um lar. Já tem pelo menos 2 anos conosco.
Outra situação é a de Lindinha, que venceu a cinomose, mas ficou com mioclonia nas patas anteriores – ou seja, as frontais. Ela não consegue andar longas distâncias, mas fora isso faz tudo normalmente. Muitas pessoas acham ela linda, mas quando descobrem que ela é especial, desistem da adoção.
Por fim, caso uma pessoa chegue à conclusão de que ainda não é hora de adotar um animal: quais são as formas possíveis de se ajudar abrigos sem ser um adotante?
São várias maneiras de ajudar. Algumas delas: divulgando os animais para adoção, ajudando a cuidar dos animais, oferecendo lar temporário, sendo padrinho de um animal, ajudando a ONG com doações financeiras ou com ração e produtos de higiene.
No caso do Instituto Patruska Barreiro, a ajuda financeira pode ser tanto mensal, com um valor que a pessoa mesmo escolhe (não temos valor mínimo, um real faz mesmo a diferença para nossos animais), quanto esporádica, para casos específicos de resgates. Caso alguém tenha interesse em ser doador mensal, é só entrar em contato conosco pelo direct ou pelo nosso WhatsApp (71) 99933-1450.
Gostou das dicas? Quer encontrar um animalzinho para adotar? Além da Patruska, há uma série de outro bichinhos maravilhosos esperando um lar aqui pelo #AdotarÉHype.
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