Ex-pastores acusam a Igreja Universal do Reino de Deus a forçá-los a realizar vasectomia como condição para o ingresso, permanência e ascensão. De acordo com matéria da Folha de São Paulo, a instituição foi condenada na Justiça pela esterilização dos líderes religiosos.
Os processos correm na Justiça do Trabalho. Recentemente, o Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo (TRT-2) condenou a igreja fundada por Edir Macedo a pagar R$ 115 mil por danos morais e materiais ao ex-pastor Clarindo de Oliveira, de 44 anos. A decisão é em segunda instância.
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O parecer de 7 de maio confirma, de acordo com a desembargadora Silvana Ariano, a existência da “prática de imposição da vasectomia” pela Universal do Reino de Deus.
Clarindo, no caso, trabalhou em templos do Brasil e Honduras entre 1994 e 2010. “Para permanecer na igreja [o pastor] tinha que fazer vasectomia”, disse testemunha de Oliveira.
O próprio pastor, que citou punições e viu sua renda diminuir de R$ 4 mil para R$ 2 mil ao mês, declarou à Folha que “a intenção [da vasectomia], eu percebi depois, era impedir que o pastor fique preso em uma cidade por filhos, além de evitar ter despesas com a família”.
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Testemunhas ouvidas no processo revelam que a Universal acredita que pastores sem filhos custam menos, já que a igreja banca os custos da família e do pastor em eventual mudança de cidade.
A Igreja Universal responde outra ação civil pública, esta movida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), que se baseia em casos de mais pastores que sofreram pressão para a realização da vasectomia.

O MPT-RJ levantou mais de 150 processos trabalhistas contra a igreja
“Se constitui em grave violação do direito do trabalhador ao livre controle sobre seu corpo e em indevida intromissão do empregador na vida do trabalhador”, pontua Silvana.
Além de São Paulo, a Procuradoria aprecia materiais vindos de Minas Gerais. O órgão acredita ter provas suficientes para pedir indenização coletiva de R$ 100 milhões. O MPT do Rio de Janeiro levantou mais de 150 processos trabalhistas contra a instituição.
A igreja se defende em recurso e disse à Folha que as condenações são exceção em processos movidos.