Leandro Prior pediu o namorado em casamento no último domingo (23), mesmo dia da ‘Parada do Orgulho LGBT’. O sargento da Polícia Militar de São Paulo propôs fardado, em frente ao posto de trabalho na Luz, no centro da cidade.
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Fotos do sargento e do namorado circulam em grupos de WhatsApp
Um dia depois, Prior, de 28 anos, apresentou à Corregedoria da Polícia Militar paulista denúncia de crime de racismo. O documento está anexado com uma ameaça homofóbica recebida via mensagem direta no Facebook.
Como apurou a repórter Janaina Garcia, do Universa, Prior teria sido xingado por um policial reformado e ex-membro do 39º Batalhão da Capital, que exigiu a saída do sargento da corporação.
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“Bichona filha da put*a. Pede baixa [saia da PM], seu viadão do caralh*, vou te caçar atrás, te catar e te encontrar e vou te quebrar todo, seu viado do caralh*”.
Ele segue dizendo que Leandro não vai “desonrar a minha gloriosa PMSP. VOU TE CAÇAR E TE ENSINAR A VIRAR HOMEM NA PORRADA”.
A repórter teve acesso ao conteúdo, incluindo fotos do casal, que circulam em grupos de WhatsApp. Os supostos policiais acusam Prior de ofender a “dignidade da classe e a instituição”, ao passo que, segundo eles, “mártires estão na rua caçando ladrão, prendendo, trocando tiro. Eles não fazem nada”, dizem os supostos militares em referência ao comando da PM.
Não é a primeira vez que Leandro Prior recebe ameaças por causa da orientação sexual. O sargento diz que homens teriam fotografado a área em que o namorado reside. Em 2018, ele foi clicado (sem autorização) beijando o então namorado em um vagão do Metrô. Leandro estava fardado.

Doria impediu que Leandro propusesse fardado
Ameaças de morte foram colhidas e enviadas à Corregedoria, incluindo a realizada por um policial da Rota, Renato Nobile, que o chamou de “desgraçado, canalha safado. Desonra para a minha corporação. Esse tinha que morrer na pedrada!”, escreveu no Facebook, que de acordo com ele, teria sido hackeado. Ninguém foi punido.
No domingo, o pedido aconteceu próximo de uma base na região da Cracolândia, Leandro Prior e o namorado Elton da Silva Luiz, de 26 anos, foram monitorados por um veículo descaracterizado. Acredita-se que o carro placa FLT-2842 levava uma dupla de P2 – policiais militares disfarçados.
Governador disse não
Desde o início, a história é cercada de tensão. A ideia de Leandro era realizar o ato na Avenida Paulista, durante a ‘23ª Parada do Orgulho LGBT’. O pedido foi negado pelo governador João Doria (PSDB).
“Considerando que o uso do fardamento por Policial Militar em manifestações não está previsto no regulamento de uniformes, não há fundamentação legal para que seja autorizada a sua utilização, motivo pelo qual foi indeferido o pedido”, ressaltou a PM em nota.
O clima tenso se estendeu para o domingo. Embora todo o processo tenha demorado cinco minutos, a Polícia Militar afirmou, também pela assessoria de imprensa, que a conduta de Leandro será apurada disciplinarmente.