Diversidade

4 autores negros e 1 indígena lideram Top 5 de livros vendidos na ‘Flip’ 2019

15 • 07 • 2019 às 15:42
Atualizada em 15 • 07 • 2019 às 17:53
Redação Hypeness
Redação Hypeness Acreditamos no poder da INSPIRAÇÃO. Uma boa fotografia, uma grande história, uma mega iniciativa ou mesmo uma pequena invenção. Todas elas podem transformar o seu jeito de enxergar o mundo.

Dos cinco autores mais vendidos da ‘Flip’, 4 são negros e 1 é indígena. A notícia confirma tendência de alta e que a pressão exercida por movimentos negros para a democratização racial da ‘Festa Literária Internacional de Paraty’ surtiu efeito. 

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Grada Kilomba, Ayobami Adebayo e Ailton Krenak estão no topo entre os mais procurados pelo público. A lista é liderada justamente por Grada. A portuguesa de origem angolana é autora de ‘Memórias da Plantação – Episódios de Racismo Cotidiano’. 

Ayobami Adebayo teve aulas com Chimamanda Adichie

Kilomba já esteve no Brasil outras vezes e se caracteriza pela defesa de que o racismo é uma problemática branca. 

“Sou forçada a lidar com uma série de fantasias e de fantasmas que não são os meus. O racismo nos usa como depósito de algo que a sociedade branca não quer ser. Algo que é projetado em mim e eu sou forçada neste mise en scene, nesta encenação, a ser a protagonista de um papel que não é meu e com o qual eu não me identifico”, destacou em conversa com a Ponte Jornalismo em Salvador. 

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Jarid Arraes mostrou sua literatura de cordel

Outro destaque é a nigeriana Ayobami Adebayo, que aos 31 anos, faz sucesso com ‘Fique Comigo’. Nascida em Lagos, a escritora foi aluna de Chimamanda Ngozi Adichie e Margaret Atwood. Ela é formada em literatura anglófona na Universidade Obafemi Awolowo, na cidade de Ifé.

O protagonismo negro na ‘Flip’ ainda contou com a presença da brasileira Conceição Evaristo, vencedora do ‘Prêmio Jabuti’, Djamila Ribeiro, com ‘Feminismos Plurais’ entre os mais vendidos da feira e Jarid Arraes, ‘Heroínas Brasileiras em 15 Cordéis’

Gracê Passô criticou a estigmatização da mulher negra

O indígena Ailton Krenak ficou na terceira colocação com ‘Ideias para Adiar o Fim do Mundo’.

Outro ponto alto dos quatro dias de evento foi a participação da atriz e dramaturga mineira Gracê Passô, que leu sua peça ‘Mata Teu Pai’. “Mas se digo que sou uma mulher negra brasileira é porque a sociedade exige, porque muitos aqui iam fingir que não estão vendo isso”, declarou em bate-papo com José Miguel Wisnik. 

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‘Flip’ mais negra 

Historiadora e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Giovana Xavier exaltou a presença de escritores e escritoras negras na ‘Flip’, mas criticou o público ainda “essencialmente branco” do evento. 

Grada Kilomba, a mais vendida da ‘Flip’

“Na sexta-feira 12, eu assisti a uma mesa da Jarid Arraes com a Conceição Evaristo. e uns 95% das pessoas eram brancas. Mas eram pessoas brancas interessadas no pensamento de mulheres negras. Nós conseguimos conquistar ouvidos, porque voz a gente sempre teve”, declarou à Época

Em 2016, Giovana esteve entre os críticos da falta de negros entre os convidados da festa. A professora criadora do Grupo de Estudos e Pesquisas Intelectuais Negras definiu a ‘Flip’ como ‘arraiá da branquitude’. 

Nesta edição, a ‘Festa Literária de Paraty’ recebeu oito negros, cinco mulheres e três homens, entre os 33 convidados. 

“Esse número continua não sendo representativo. Num cenário ideal com o qual a gente nunca trabalha, a representação de autores brancos e negros deveria ser paritária, porque o Brasil tem 54% de pessoas negras”. 

Confira os 5 mais vendidos da ‘Flip’: 

1- ‘Memórias da Plantação – Episódios de Racismo Cotidiano – Grada Kilomba (Cobogó)

2- ‘Fique Comigo’ – Ayobami Adebayo (HarperCollins) 

3- ‘Ideias para Adiar o Fim do Mundo’ – Ailton Krenak (Companhia das Letras) 

4- ‘Também os Brancos Sabem Dançar – Kalaf Epalanga (Todavia) 

5- ‘Meu Pequeno País’ – Gaël Faye (Rádio Londres) 

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Fotos: Reprodução/Instagram


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