Debate

Cubano desempregado é recusado como gari. Motivo: Ele é médico

12 • 07 • 2019 às 16:21
Atualizada em 12 • 07 • 2019 às 16:23
Redação Hypeness
Redação Hypeness Acreditamos no poder da INSPIRAÇÃO. Uma boa fotografia, uma grande história, uma mega iniciativa ou mesmo uma pequena invenção. Todas elas podem transformar o seu jeito de enxergar o mundo.

Desde que o governo federal acabou com os ‘Mais Médicos’, cubanos que decidiram permanecer no Brasil sofrem com o desemprego. Caso de Raymel Kessel, de 39 anos, que tentou vaga de gari, mas não foi contratado por ser formado em medicina. 

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Ele contou ao G1 que a situação está bem difícil. O profissional vive no Piauí há quatro anos. “Não é fácil achar emprego porque quando colocamos no currículo que somos médicos, ninguém quer nos contratar. Eu até procurei trabalhar no carro de lixo e não foi aceito porque diz que médico não faz esse tipo de trabalho”, reclamou. 

O Inep não tem previsão para aplicação do Revalida

Raymle atuou por quatro anos na rede de atenção básica de Ilha Grande, município do litoral do Piauí. Assim como muitos cubanos, criou laços por aqui. Ele é casado com uma piauiense e tem um filho brasileiro. “Me sinto parte da Ilha Grande, me sinto filho daqui”, disse. 

Sinuca de bico 

Por causa da exigência do Revalida pelo do governo federal, profissionais de saúde de Cuba não conseguem atuar. O problema é que o Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituições de Educação Superior Estrangeiras (Revalida) não acontece desde 2017. 

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“Não há ainda o cronograma para a próxima edição do Revalida”, se pronunciou o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela aplicação da prova. 

15% dos brasileiros no ‘Mais Médicos’ desistiram em até 3 meses

O rompimento com o Cuba agravou a crise da saúde pública do Brasil, sobretudo em regiões afastadas dos grandes centros do país. A pressão é grande e Jair Bolsonaro, que chegou a questionar a capacidade dos médicos cubanos, deve readmitir os profissionais que aqui permaneceram. 

Como noticiou o jornal O Estado de São Paulo, o governo federal pretende editar uma medida provisória até agosto alocando os médicos no Sistema Único de Saúde (SUS) por dois anos. Eles passariam por revalidação do diploma ao final do prazo. 

Pelo menos 2 mil médicos não retornaram à Cuba. Bolsonaro até tentou preencher as vagas com médicos brasileiros, mas não obteve sucesso. Cerca de 15% dos nascidos no Brasil membros do ‘Mais Médicos’ desistiram em até três meses. 

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Fotos: foto 1: Reprodução/foto 2: EBC


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