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O universo gamer é um dos espaços mais lucrativos do mundo moderno. Os chamados e-Sports dão tom dos rumos tomados pela era tecnológica. Mas, como se encaixam igualdade e diversidade de gênero em ambiente dominado por homens?
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Este é o tema do ‘LGBTQIA+: eSports de Todas as Cores’, lançado pelo Versus, jornalístico da Webedia Gaming. O Hypeness conversou com Bárbara Gutierrez, editora-chefe do canal especializado em esportes eletrônicos, sobre a importância do documentário em um tempo desconstrução dos conceitos de gênero e sexualidade.
“A ideia veio em 2017, quando estávamos discutindo a respeito de nossos vídeos e como poderíamos levar ao nosso próximo passo: produzir mini documentários que tivessem valor para os e-Sports e também para outras pessoas fora deste mercado. Foi aí que decidimos que gostaríamos de lançar o LGBTQIA+ em 28 de junho, Dia da Visibilidade LGBTQIA+”, explica.
O doc joga luz sob um assunto pouco discutir no mundo gamer
O documentário conta com apoio do Hypeness, participante ativo do processo de produção e criação dos conteúdos. Representatividade e lugar de fala estiveram presentes em todos as etapas do projeto.
“Sou bissexual, mas além de mim, outras pessoas chave na produção são também LGBTQIA+, como o Matheus de Lucca, a Lenara Osugui, a Jéssica Marques, entre tantas outros funcionários da Webedia que fazem parte dessa comunidade”, pontua a jornalista.
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A produção começou a captação ainda em 2017. Entre 2018 e 2019, hora de produzir e entrevistar talentos da indústria dos esportes eletrônicos. O conteúdo apresenta depoimentos emocionantes e inspiradores de Henrytado, g, P3po, NapeR, Olga e Samira Close.
Youtuber e drag, Samira Close é um dos destaques. Face da revolução no universo gamer, é sucesso absoluto por onde passa. São mais de 180 mil inscritos no canal do YouTube. Ela dá, literalmente, close ao jogar por terra estereótipos e barreiras impostas por um comportamento paternalista.
“Cada LGBT que se pronuncia contribui para a gente continuar, de forma crescente, essa busca por respeito. O humor na minha vida chega a ser um mecanismo de defesa. Quando você é LGBT, passa por muita tristeza e se você encara tudo da maneira que é…é muito triste”, reflete.
A arte é ferramenta emancipatória, povo!
Bárbara Gutierrez destaca a expressão artística – tão forte na inventividade de cosplayers, como instrumento de mudança.
“É importante termos a arte ao nosso lado para a naturalização de personagens (sejam reais ou não) que fogem do padrão. Isso em todos os aspectos: cinema, música – e hoje, em esports também. É necessário termos exemplos de pessoas célebres obtendo sucesso em diversos mercados, assim como também acontece dentro dos games. Em League of Legends, Apex Legends e Overwatch, por exemplo, vemos heróis e heroínas lésbicas, gays, bissexuais, não binários… E precisamos de mais personagens assim, justamente para que não exista um estranhamento entre os jogadores mais novos. Aos poucos, vamos sendo normalizados e diminuindo assim o preconceito”.
A dominação masculina nos espaços de poder é evidente e gera situações constrangedoras. Mulheres e LGBTQIA+ sofrem com a discriminação e até abusos. A falta de diversidade reflete na atitude de muitas empresas, que atuam de maneira desastrosa na gerência de crises.
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“Ao meu ver, ainda existe um grande medo das empresas em fazer este tipo de conscientização. O medo da reação do público é muito grande, mas isso também é um resultado da falta de funcionários LGBTQIA+ dentro dessas empresas. A matemática é bem simples: se continuarmos em um momento cíclico de preconceito, não temos como mudar. Precisamos fazer essa mudança do cenário para dentro das empresas e tentar contribuir para uma maior porcentagem de pessoas da comunidade trabalhando nos e-Sports”, ressalta Bárbara.
A reação da Razer no caso de Gabi revela o machismo de muitas empresas
Recentemente, como mostrou do Hypeness, a Razer, gigante do mercado gamer, esteve no centro de um episódio de machismo. A empresa recebeu muitas críticas por não se posicionar ao lado da influencer Gabi Catuzzo – assediada depois de postar uma fotografia em um touro mecânico. “Pode montar em mim a vontade”, escreveu o machista de plantão.
Irritada com a situação, a influencer desabafou, “sempre vai ter um macho f*dido para falar m*rda e sexualizar uma mulher, até quando a mulher está fazendo uma piada, né? É por isso que homem é lixo”.
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O incômodo de homens provocou reação da Razer, que em nota oficial, comunicou a não renovação do contrato de Catuzzo por não representar as opiniões da marca. A Razer, no entanto, manteve silêncio sobre as ofensas machistas contra Gabi.
Bárbara, uma das responsáveis pelo documentário ‘LGBTQIA+: eSports de Todas as Cores’, ressalta que embora mulheres sejam maioria, “lidam diariamente com assédio”.
“A situação deste universo ainda é muito complicada no lado do público. Quando olhamos para o cenário LGBTQIA+, a luta por respeito é muito semelhante à das mulheres, já que ainda lidamos com preconceito – principalmente em relação às personalidades inseridas nos esportes eletrônicos. Estamos melhorando, crescendo, ocupando nosso espaço, mas ainda temos que bater muito nesta tecla de dar voz e espaço para essas pessoas”, completa.
Patricia fez do Lady Lúdica um espaço de acolhimento. Sororidade!
Isso se dá pela intensificação da representatividade. Não dá para enxergar o mundo sem entender a diversidade de gênero. 2019 entra para a história como um ano reflexivo, meio século se foi desde os protestos de Stonewall, nos Estados Unidos.
Mas também como momento de ação. Em São Paulo, a ‘Parada do Orgulho LGBT’ recebeu 3 milhões de pessoas, levando alegria e fazendo da capital paulista o principal centro LGBTQIA+ da América Latina.
A participação de influenciadores como a própria Samira Close a discussão aberta proposta Linn da Quebrada sobre raça e sexualidade, por exemplo, prospectam tempos melhores. Todos saem ganhando.
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“Hoje, mais jovens LGBTQIA+ possuem exemplos dentro dos e-Sports. Isso é importante para pessoas mais novas que podem passar por situações que nós, dessa comunidade, já passamos e falamos aos nossos seguidores. Tudo fica mais fácil quando alguém que você admira passa pela mesmo coisa que você. Esse é o maior significado de representatividade. Podemos gostar de tudo, afinal somos plurais, então assim como uma pessoas LGBTQIA+ que é apaixonada por cinema ou música, nós também amamos e-Sports e temos modelos como o Atlanta, Henrytado, Samira, napeR, P3po, Olga, entre outros”, pontua a jornalista.
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‘AmarElo’: diversidade é a chave do desenvolvimento
Assim como mostrou Emicida no inspirador ‘AmarElo’, o senso de comunidade é essencial para a construção de uma sociedade plural. Não é uma questão de tolerância, mas, sobretudo, de entender que a diferença é fundamental para o desenvolvimento.
“A palavra comunidade é importante para encontrarmos força como grupo. A partir do momento no qual jovens que se descobrem LGBTQIA+ podem ver figuras públicas que os representem, eles podem se sentir menos sozinhos no mundo. Quando uma pessoa descobre que há outras como ela, em posições de destaque e evidência no mundo, ela pode se sentir encorajada a enfrentar dificuldades e a alcançar seus sonhos, realmente se espelhando nesses ícones. Representatividade é importante em todos os aspectos e o senso de comunidade pode tornar a vida de indivíduos menos dolorosa e solitária”, concluiu Bárbara Gutierrez.
Seja você amante dos e-Sports ou não, vale a pena conferir o documentário ‘LGBTQIA+: eSports de Todas as Cores’, disponível no YouTube. Golaço!
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