Sustentabilidade

Quem são os wajãpi, povo indígena ameaçado pelo garimpo e pelas mineradoras

29 • 07 • 2019 às 15:59
Atualizada em 30 • 07 • 2019 às 19:21
Redação Hypeness
Redação Hypeness Acreditamos no poder da INSPIRAÇÃO. Uma boa fotografia, uma grande história, uma mega iniciativa ou mesmo uma pequena invenção. Todas elas podem transformar o seu jeito de enxergar o mundo.

A morte do cacique Emyra Wajãpi evidencia o risco enfrentado por comunidades originárias que habitam a região Norte do Brasil. O líder indígena foi assassinado a facadas na última segunda-feira (22). A Polícia Federal investiga o caso. 

Em nota, o Conselho das Aldeias Wajãpi declarou que um grupo de 50 invasores armados entrou na sexta-feira na aldeia Yvytotõ, ameaçou moradores e ocuparam uma casa. Eles fugiram no dia seguinte. 

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O assassinato ganhou repercussão mundial e em seu blog no UOL, o jornalista Jamil Chade diz que uma relatora da ONU culpa Jair Bolsonaro pela invasão dos garimpeiros em terras indígenas do Amapá. 

“Um dos elementos é o fato de que o presidente tem feito anúncios de que terras indígenas podem ser usadas para atividades produtivas. Essa é uma das razões que explica a situação, além dos interesses econômicos sobre essas terras”, disse ao blogueiro Victoria Tauli-Corpuz, relatora da ONU para os Povos Indígenas. 

Os wajãpi convivem com ameaça da mineração

O presidente, por sua vez, coloca em dúvida a morte do cacique. Bolsonaro refuta afirmação de assassinato. “Não tem nenhum indício forte que esse índio foi assassinado lá. Chegaram várias possibilidades, a PF está lá, uem nós pudermos mandar nós já mandamos. Buscarei desvendar o caso e mostrar a verdade sobre isso aí”, disse na porta do Palácio do Alvorada na manhã de segunda-feira (29).

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O político reafirmou aos jornalistas a intenção de legalizar o garimpo no local. 

“Inclusive para índio, que tem que ter o direito de explorar o garimpo  na sua propriedade. Lógico que ONGs de outros países não querem que o índio continue preso num zoológico animal, como se fosse um ser humano pré-histórico”. 

Brasileiros originários

A BBC Brasil traçou um perfil dos índios wajãpi, mostrando o convívio com ameaças e o histórico de resistência. O povo vive em uma terra com abundância de ouro e ferro. São 607 mil hectares – equivalente a quatro cidades de São Paulo.

O espaço cercado pelos rios Oiapoque, Jari e Araguari, no oeste do Amapá, chamou a atenção de mineradoras sedentas em explorar estas terras. Os wajãpi são são descendentes dos Guaiapi, falam língua derivada do Tupi e saíram do bairro do Xingu, no norte do Pará, ainda no século 18. 

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Eles vivem da caça e agricultura, sobretudo pupunha, da laranja, de cacau e caju. A defesa é feita com arcos, flechas, lanças e armas de fogo, segundo a BBC, registradas e com posse autorizada pela Polícia Federal. As pressões e invasões de grupos de garimpeiros são registradas desde a década de 1970. 

Censo Indígena de 2010, do IBGE, aponta que 874 índios Wajãpi vivem no Amapá. São cerca de 49 aldeias. Até o momento não existem detalhes sobre o assassinato de Emyra Wajãpi.

Em nota, a Funai (Fundação Nacional do Índio) confirmou a morte do líder indígena em Pedra Branca do Amapari, no Amapá. 

“Sobre a suposta invasão à Terra Indígena Waiãpi, no Amapá, a Funai informa que assim que tomou conhecimento do fato hoje (27) acionou as autoridades competentes e seus servidores no local. A Polícia Federal e o BOPE estão a caminho para apurar o ocorrido”, se pronunciou o órgão. 

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