Após atacar Greta Thunberg no ar, jornalista Gustavo Negreiros é demitido

Redação Hypeness Acreditamos no poder da INSPIRAÇÃO. Uma boa fotografia, uma grande história, uma mega iniciativa ou mesmo uma pequena invenção. Todas elas podem transformar o seu jeito de enxergar o mundo.

Gustavo Negreiros, jornalista que sugeriu que Greta Thunberg, uma adolescente de 16 anos, precisava “de um homem e sexo”, foi demitido da rádio 96 FM, do Rio Grande do Norte. A informação foi confirmada pelo site Saiba Mais. 

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“O jornalista foi afastado imediatamente. Só veio hoje à emissora para se desculpar no ar”, disse Giovanna Sinedino, uma das sócias do veículo de comunicação. 

Por que Greta Thunberg desperta ódio?

O comentário machista aconteceu na edição de terça-feira do programa exibido na hora do almoço. As críticas fora do tom contra o trabalho de uma das principais ativistas em defesa do meio ambiente espantaram até a colega de bancada de Negreiros. 

“Ela é uma histérica, ela é uma mal amada. Vá fumar seu baseadinho lá na Suécia”, bradou o apresentador, que foi alertado, sem sucesso, que se tratava de uma menina de apenas 16 anos. 

O discurso de ódio seguiu em frente, “ela está precisando de um homem, ou macho ou uma fêmea. Se ela não gosta de homem, que ela pegue uma mulher”, sacramentou. 

A @96fmnatal apagou o vídeo, mas a Internet não perdoa: Olha os absurdos que Gustavo Negreiros fala sobre a ativista sueca Greta Thunberg. pic.twitter.com/LA9l2b0XAN

— Rosa Moura (@rosamourasilva) September 25, 2019

Doeu no bolso 

Em questão de segundos, o assunto se tornou um dos mais comentados das redes sociais e entre os principais jornais do país. O resultado foi trágico para imagem da 96 FM, que viu três das quatro patrocinadoras do programa comandado por Gustavo Negreiros suspenderem os contratos. A quarta empresa convocou reunião para bater o martelo sobre o assunto. 

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“Vocês roubaram meus sonhos”, Greta Thunberg na ONU

O radialista usou o blog pessoal para se desculpar e atacar o que chamou de “a turma do mimimi”, que segundo ele, “não merece qualquer respeito”. 

“Os danos foram mais meus do que da pessoa citada. Ela não tem sequer conhecimento de quem eu sou ou do que eu disse”, concluiu. 

‘Estou de olho em vocês’ 

Aos 16 anos, a jovem sueca impressiona pela veemência com que acusa líderes mundiais de colocarem o futuro da vida na Terra em risco. Durante Cúpula do Clima na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, Greta não se ateve aos protocolos e disse boas verdades. 

“Isso tudo está errado, eu não deveria estar aqui, eu deveria estar na escola do outro lado do oceano. Como vocês ousam? Vocês roubaram os meus sonhos e minha infância com palavras vazias”, acusou. 

Mas afinal, por que uma adolescente de 16 anos que defende o meio ambiente pode gerar tanto ódio? Além dos ataques do comunicador do Rio Grande do Norte, Greta Thunberg foi vítima de ironias de Donald Trump e fake news de Eduardo Bolsonaro, que pleiteia o cargo de embaixador nos Estados Unidos. 

Greta tem Síndrome de Asperger, espectro do autismo

O Hypeness traçou o perfil da sueca, que ganhou notoriedade ao faltar na escola para protestar na frente do Parlamento em Estocolmo, capital da Suécia. 

“Skolstrejk för klimatet!, ou “Greve escolar pelo clima!”, estava escrito no cartaz exibido por Greta, que distribuiu panfletos com informações sobre mudanças climáticas. O grupo de adolescentes decretou o 15 de março como o dia de greve pelo clima e meio ambiente. 

A coragem de Greta rendeu frutos. Em 15 de setembro, o mundo testemunhou  cerca de 1,5 milhão de estudantes que foram às ruas em mais de 100 países, em mobilização para frear a ameaça provocada pela emergência climática. 

A pequena ambientalista convive com a Síndrome de Asperger – que provoca dificuldades na interação social e comunicação não-verbal. Desde 2013, o termo faz parte do diagnóstico de transtorno do espectro de autismo. 

“Quando o discurso de ódio te persegue por causa das diferenças, significa que eles não têm nada mais. Eles sabem que você está vencendo!”, salientou Greta, que atravessou o Oceano Atlântico a bordo de um veleiro sustentável. 

Thunberg foi diagnosticada há quatro anos e de acordo ao The Guardian, credita sua paixão pelo trabalho na luta contra a emergência climática à sua forma única de se relacionar com o mundo. 

“Pessoas estão sofrendo, morrendo, ecossistemas inteiros estão entrando em colapso, temos extinções em massa. E vocês vêm aqui falar de contos de fada de dinheiro e crescimento econômico”, resumiu a jovem ativista na ONU.