Nenhum novo pesquisador será financiado pela Capes neste ano no Brasil. O anúncio do Ministério da Educação (MEC) dá dimensão do tamanho do problema enfrentado pela educação e os riscos para o futuro do país.
A pasta chefiada por Abraham Weintraub confirmou corte de 5.613 bolsas de mestrado e doutorado concedidas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, a Capes.

Jair Bolsonaro e o ministro da Educação Abraham Weintraub
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O rastro vem desde o início de 2019 e acumula a retirada de quase 12 mil bolsas do orçamento da principal entidade de fomento à pesquisa no Brasil e reflete no encerramento do financiamento de bolsistas até o fim do ano.
Segundo nota do governo federal, os pagamentos para pesquisas de mestrado e doutorado em andamento estão garantidos. Desde que assumiu, Jair Bolsonaro promoveu o congelamento de R$ 819 milhões destinados à Capes, ou 19% do orçamento para o ano.
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A previsão para 2020 não é nada animadora e o orçamento foi reduzido pela metade, caindo de R$ 2,2 bilhões contra os atuais R$ 4,25 bi.
E o Brasil?
O cenário devastador da pesquisa terá efeitos no curto e longo prazo. Pesquisadores temem o colapso das agências de fomento à ciência no país e citam o risco de falência do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), que enxerga a iminência da suspensão de 80 mil bolsas – do ensino médio ao doutorado no exterior.

CNPq corre risco de entrar em colapso
Para piorar, os cofres estão cada vez mais vazios. O órgão ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Comunicações e Inovações (MCTIC) revela ter dinheiro suficiente para pagar os bolsistas até o quinto dia útil de setembro.
Os danos são enormes, sobretudo em tempos de emergência climática. O CNPq desenvolve projetos de pesquisas importantes em áreas do conhecimento relacionadas com Ciências Exatas e da Terra.
“Este fato, se concretizado, colocará milhares de estudantes de pós-graduação e de iniciação científica, no País e no exterior, em situação crítica para sua manutenção e para o prosseguimento de seus estudos, além de suspender as bolsas de pesquisadores altamente qualificados em todas as áreas do conhecimento”, diz trecho de petição online da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). O texto recebeu apoio de mais de 100 entidades e 900 mil assinaturas.