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Até o dia 20 de agosto de 2018, provavelmente ninguém fora do ciclo familiar, ou ao máximo de sua escola havia sequer ouvido falar em Greta Thunberg. E não havia razão para ser diferente: aos 16 anos, a menina sueca era somente uma estudante em Estocolmo, capital do país. Filha de um ator e uma cantora de ópera, Greta nunca foi, no entanto, uma aluna qualquer – e não por ter sido diagnosticada com Síndrome de Asperger, TDAH, transtorno obsessivo-compulsivo e mutismo seletivo, mas sim por sua profunda e madura consciência política e ambiental. Pois foi nesse dia, em agosto do ano passado, que decidiu que era hora de tentar mudar o mundo – e assim sua vida mudou: Greta faltou à escola, e partiu sozinha para frente do Parlamento sueco, com um cartaz onde se lia: Skolstrejk för klimatet!, ou “Greve escolar pelo clima!”, e distribuiu panfletos com informações sobre as mudanças climáticas no planeta.
O objetivo de Greta era chamar a atenção dos políticos de seu país mas, passado pouco mais de um ano de seu primeiro e solitário protesto, ela nunca mais esteve sozinha, e vem abrindo os olhos e invadindo ouvidos, corações e mentes do mundo – e tal afirmação não é um exagero: no último dia 15 de setembro, mais de 1,5 milhão de estudantes foram às ruas em mais de 100 países, em uma imensa marcha pelo clima e a salvação do planeta.
Greta caminhando em manifestação
O nome era uma referência direta: #schoolstrike4climate, ou greve escolar pelo clima, como se lia no cartaz de Greta. E o que era um ato isolado transformou-se em um amplificador global: Greta discursou na COP 24, conferencia do clima da ONU, na Polônia, no final do ano passado, e também na Cúpula do Clima da ONU na última segunda-feira – e não mediu palavras para criticar a falta de comprometimento das nações com o futuro do planeta.
Em sua solitária primeira manifestação
“Está tudo errado. Eu não deveria estar aqui em cima. Eu deveria estar de volta à escola do outro lado do oceano”, disse, claramente comovida, a jovem essa semana na ONU. “Vocês roubaram meus sonhos e minha infância com suas palavras vazias”, vociferou, diante dos maiores líderes mundiais.
Greta durante o discurso na ONU
O mutismo seletivo e os outros transtornos com os quais foi diagnosticada elevam especialmente o esforço e os gestos de Greta: “Basicamente, isso significa que só falo quando julgo necessário”, explicou a jovem. “Para nós autistas, quase tudo é preto e branco. Normalmente não mentimos e não gostamos de participar de jogos sociais, que parecem tão atraente à maioria de vocês”, definiu.
Falando no Fórum Econômico Mundial
Sua consciência ambiental vem cada vez mais se tornando o compromisso motivador de sua vida: ela evita ao máximo voar de avião, deixou de consumir carnes e laticínios, redimensionou o hábito de fazer compras e reutiliza e recicla tudo que pode. E como Greta definitivamente não restringe seu ativismo às palavras – acusação que faz de forma contundente aos líderes mundiais -, após seu discurso na ONU, ela e mais 15 jovens do mundo todo apresentaram uma denúncia contra cinco das maiores economias do mundo: Alemanha, França, Argentina, Turquia e, é claro, Brasil.
Segundo a acusação, esses países estariam violando os direitos humanos por desrespeitarem acordos e não adotarem políticas adequadas sobre as mudanças climáticas. “Estamos no início de uma extinção em massa e tudo o que vocês falam gira em torno de dinheiro e um conto de fadas de crescimento econômico eterno. Como ousam?”, desafiou Greta.
O evento no qual Greta discursou antecede os debates da Assembleia Geral das Nações Unidas, que tradicionalmente é aberta por um discurso do presidente do Brasil – e as queimadas na Amazônia e a negligência com que o tema vem sendo tratado pela atual administração serão temas inevitáveis. Enquanto o governo brasileiro, assim como lamentavelmente tantos outros, se diminui aos olhos sensatos do mundo, a pequena Greta, com sua coragem e luta incessantes, se agiganta: depois de ser eleita a mulher mais influente do ano na Suécia e um dos jovens mais importantes de 2018 – e de estampar a capa da prestigiada revista Time, no último mês de maio – três deputados noruegueses apresentaram a indicação da jovem ativista ao Prêmio Nobel da Paz. E ela quer mais, e quer agora, como tem de ser.
“Os líderes da próxima geração” na capa da revista Time
Os cínicos acusam Greta de oferecer um discurso simplório, mas a verdade empírica é que a mais complexa ciência está do lado da jovem sueca, apontando há décadas para a necessidade urgente de se contornar as mudanças climáticas – e parece ser justo a crueza, a simplicidade e ao mesmo tempo a inclemência com que exige mudanças imensas imediatamente que colocam a pequena coberta de razão – como é possível ouvir Greta falar e não concordar? Com tanto conhecimento e coragem, enquanto parte do mundo parece desejar o atraso e o pior, Greta possui um evidente brilhante futuro pela frente – e é justamente para que esse futuro possa existir, para ela e para todo o planeta, que ela luta.
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