Ciência

Cientistas descobrem planeta gigante que não deveria existir e desafia leis da astrofísica

02 • 10 • 2019 às 20:29 Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

A verdadeira ciência é aquela que está sempre sujeita a rever seus preceitos diante de uma nova descoberta – e é exatamente esse cenário enfrentado pelos astrônomos desde a descoberta de um exoplaneta (planeta fora do sistema solar) orbitando uma pequena estrela a 30 anos-luz da Terra. Esse seria um fato mero, não fosse a dimensão desse planeta em relação a estrela: enquanto a estrela tem um décimo da massa do Sol, o planeta mede a metade do tamanho de Júpiter, contrariando tudo que se compreendia sobre esse tipo de formação.

Segundo as leis conhecidas até então, ao redor da estrela GJ 3512, localizada a 284 trilhões de quilômetros da Terra, deveriam orbitar somente planetas do tamanho da Terra. A dimensão do exoplaneta GJ 3512b, portanto, contraria tudo que era sabido a respeito da formação de planetas ao redor de estrelas. Os modelos estabelecidos previam que um grande número de pequenos planetas se formassem ao redor de estrelas pequenas. O GJ 3512b, portanto, não deveria existir.

Proporção, no alto, entre o sol e mercúrio e, abaixo, entre a estrela e o planeta descobertos

“GJ 3512b, no entanto, é um planeta gigante com a massa de aproximadamente metade de Júpiter, e possui então uma magnitude de pelo menos uma ordem mais massiva que os planetas previstos pelos modelos teóricos para orbitarem estrelas pequenas”, disse a nota oficial. Agora a equipe de cientistas está trabalhando para compreender tal surgimento e ampliar os modelos de formação de planetas.

Observatório Calar Alto, na Espanha, onde o exoplaneta foi descoberto

A descoberta foi feita por cientistas da Universidade de Bern, na Suíca, liderados pelo professor Christoph Mordasini, em parceria com astrônomos da Alemanha e da Espanha. “Por isso o GJ 3512b é uma importante descoberta, que pode melhorar nosso conhecimento sobre como planetas se formam em volta dessas estrelas”, disse o pesquisador.

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© fotos: divulgação


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