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‘Criar um filho é sempre um desafio enorme, não importa em que século você esteja’, diz Glória Pires

17 • 10 • 2019 às 17:44
Atualizada em 20 • 10 • 2019 às 18:01
Rafael Oliver
Rafael Oliver   Redator Redator publicitário de formação, com passagens por grandes agências, além de roteirista e produtor de conteúdos, descobriu no Hypeness seu amor pelo jornalismo. Aqui desde 2018, marca presença na cobertura de grandes eventos e festivais de entretenimento. De Gilberto Gil a Fernanda Montenegro, já publicou entrevistas com grandes artistas brasileiros. Sempre atento a novas tecnologias, escreve sobre inovação e também faz review de aparelhos tecnológicos.

Glória Pires é uma das maiores atrizes brasileiras de todos os tempos. Com mais de 50 anos de carreira, se tornou referência na dramaturgia. Recebeu prêmios na TV, teatro e cinema. Deu vida a personagens icônicas, como as gêmeas Ruth e Raquel, em Mulheres de Areia, Helena, em Se Eu Fosse Você, entre tantas outras. Mas Glória também é bastante admirada pela personagem principal de sua própria vida: a Glória Pires. Sincera, é famosa por suas opiniões espontâneas. Inclusive quando não é capaz de opinar. Mãe de quatro filhos na vida real, agora também será na ficção, porém com uma diferença: 100 anos. Glória é protagonista da nova versão da novela Éramos Seis. Em conversa com o Hypeness, falou sobre o novo trabalho, carreira e vida pessoal nessa entrevista exclusiva. 

Baseada no romance de mesmo título, “Éramos Seis” já está em sua quinta adaptação para a TV. A novela que marcou gerações volta às telas, desta vez na Globo.  Porém, com grande diferencial: uma premissa maior de empoderamento feminino que poderá ser vista em Lola, personagem de Glória e ponto principal da narrativa.

“O que eu acho que a autora Angela [Chaves] está trazendo para essa versão é a valorização da mulher, do poder feminino”, disse.

Um papo que mistura profissão, família, maternidade, feminismo e sustentabilidade. E você confere a seguir: 

Glória, a Angela, diretora, falou que, pela primeira vez, a personagem vai ter uma pegada mais feminista, vai ser menos submissa do que as outras. O que a gente pode esperar disso?

O que eu acho que as pessoas vão experimentar assistindo a essa novela são emoções. Vão questionar alguns padrões. O que eu acho que a autora Angela [Chaves] está trazendo para essa versão é a valorização da mulher. Porque, afinal de contas, as mulheres sempre foram as grandes guardiãs das famílias, da continuação e da manutenção dessas famílias. Acho que essa versão da novela enaltece isso. A amizade, também, entre as mulheres. O quanto era importante esse ombro. As pessoas que eram vizinhas, que estavam juntas na vida. As mulheres se ajudavam muito. Eu acho que a Angela está fazendo uma coisa muito linda de enaltecer o poder feminino, que sempre foi feminino.

Você, na vida real, é mãe de 4 filhos no século 21 e, na novela, você também é mãe de 4 filhos no início do século 20. Como que você vê a diferença de criação daquela época para hoje em dia?

Eu tenho dito que, fazendo essa novela, tenho vivenciado as histórias da minha família. E isso não está acontecendo só comigo: outros colegas também têm comentado como se lembram da avó, da mãe, porque é isso, né, você acaba voltando muito à infância e relembrando. Eu entro na cidade cenográfica e só lembro do meu pai, de tudo que ele contava. Está tudo lá: os carros, as roupas, os hábitos. Eu acho que você educar uma pessoa, criar um filho, é sempre um desafio enorme, não importa em que século você esteja, porque você não tem uma receita. Você ter um relacionamento, um casamento, é a mesma coisa: são pessoas diferentes, com histórias diferentes e temperamentos distintos. É sempre um aprendizado. Eu estou adorando isso. Eu tenho me emocionado demais. Até vim hoje com uma pulseira que era da minha avó Deolinda que foi muito presente na minha vida.

Vamos aproveitar que estamos falando de família: seu pai, Antônio Carlos Pires, também participou de “Éramos Seis” em um dos remakes. Queria saber: a veia humorística do seu pai te influenciou de alguma forma?

Olha, o meu pai me influenciou de várias formas. Eu acho que só sou atriz por causa dele. Lembro que, quando ele fazia os programas humorísticos, ele que fazia a caracterização dos personagens. Era um barato… Nossa, como eu viajava assistindo a ele criar os personagens, vendo o tipo de peruca, se ia usar dentadura, se ia ter bigode, como ele falava, como era o gestual… Eu viajava nisso. Ele realmente me influenciou me trazendo para a profissão.

As suas duas filhas, Ana e Cleo, se declaram feministas. Isso vem de criação? Você ensinou em casa?

Eu acho que a gente aprende mais pelo que a gente vê do que pelo que falam. Eu sempre fui feminista, minha mãe também era, meu pai também e meu marido é. Na família do Orlando [Morais], a pegada feminista também é muito forte, então somos criados nesse ambiente. Temos liberdade. A ideia do feminismo é essa igualdade nos papéis, a importância do homem, mas também a importância da mulher. Um sem o outro não rola.

Cleo e Antonia também se declaram vegetarianas. E eu sei que você, aos 12 anos, depois de ler a biografia do Gandhi, parou de comer carne e você também tem uma empresa, a BemGlô, que é uma loja de conteúdo colaborativo que incentiva a sustentabilidade. Como você vê essas questões sustentáveis e ambientais?

Urgentes! Todos os esforços que a gente puder fazer, mesmo que pareçam mínimos, são extremamente importantes, porque o relógio está correndo. O tempo está acabando! E a gente quer ficar aqui, né, a gente quer ir adiante. Precisamos correr atrás desse prejuizão!

Deixe um convite para o pessoal assistir à novela!

Espero que vocês assistam, curtem e se emocionem com “Éramos Seis”!

 

 

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