Tecnologia

Homem com tetraplegia volta a andar com exoesqueleto comandado por seu cérebro

09 • 10 • 2019 às 18:57
Atualizada em 08 • 01 • 2020 às 17:48
Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Quatro anos atrás, depois de sofrer uma queda de 12 metros de altura da varanda de uma boate na sua cidade natal de Lyon, na França, um jovem conhecido como Thibault ouviu dos médicos um dos mais temido dos diagnósticos em casos como o seu: tetraplegia. Aos 24 anos, Thibault havia perdido os movimentos do pescoço para baixo, e a situação era então permanente. Um avanço científico, ainda em ponto experimental, contornou, no entanto, tal diagnóstico e, aos 28 anos, ele efetivamente voltou a andar.

Thibault a equipe médica

O feito foi alcançado através do uso de um exoesqueleto, uma espécie de estrutura externa acoplada ao corpo de Thibault e comandada efetivamente por sua mente – já que o cérebro segue capaz de gerar tais comandos de movimento. Através dos membros robóticos, o jovem francês conseguiu mover os braços, andar e parar com autonomia, utilizando a armadura montada no teto para se equilibrar.

O sistema de registrar e codificar os sinais cerebrais para transforma-los em movimentos através do exoesqueleto vem sendo desenvolvido há alguns anos na Universidade de Grenoble e no centro de pesquisa Clinatec e CEA, na França e, apesar do incrível resultado positivo, o estudo encontra-se ainda em processo de experimento – sua aplicação clinica geral ainda depende de alguns anos de pesquisa e desenvolvimento.

Para a realização do experimento, dois implantes foram inseridos entre o cérebro e a pele de Thibault, capazes de “ler” a área que controla os movimentos. 64 eletrodos em cada um dos implantes enviaram as “instruções” para um computador, que “traduziu” as informações em movimentos em tempo real.

“Era como [ser] o primeiro homem na Lua”, disse Thibault ao andar. “Não andei por dois anos. Esqueci o que é ficar de pé, esqueci que era mais alto que muitas pessoas na sala.”, afirmou Thibault. “Não posso ir para casa amanhã em meu exoesqueleto, mas cheguei a um ponto onde posso andar. Eu ando quando quero e paro quando quero”. Novas experiências já estão sendo preparadas, e nunca uma resposta efetiva – e móvel – para tal dilema esteve tão próxima: ao alcance de alguns passos.

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