Mais do que grandes cidades centrais que assumem uma importante posição econômica e cultural, nada caracteriza mais uma metrópole do que o tumulto gerado pela aglomeração urbana. Porque, por mais planejada que uma cidade seja, estes grandes centros urbanos desafiam o conceito de comunidade e, sobretudo, de normalidade. É exatamente sobre isto que fala a arte da ilustradora espanhola Cinta Vidal, que transforma as metrópoles em surreais cidades de ponta cabeça.

Em seus mundos reimaginados, as principais metrópoles estão de pernas para o ar, já que residências e arranha-céus são organizados em composições semelhantes às pinturas de Escher. No entanto, o que chama mais a atenção em seu trabalho, é que não são apenas as estruturas que estão de cabeça para baixo, mas as pessoas também. No entanto, eles continuam com a vida normalmente, agindo como se nada fosse estranho. Não é exatamente isto o que vivemos hoje?

Desafiando o conceito de gravidade e fazendo uma pertinente analogia com a vida moderna, sua arquitetura invertida pretende simbolizar a natureza humana e o que significa viver entre outras pessoas. “Defino elementos em diferentes orientações para falar sobre os diferentes pontos de vista que todos temos em nosso ambiente”, completa.

Registrando os lugares que visita, as ilustrações da artista baseada em Barcelona evocam vários sentimentos, mostrando que a forma como enxergamos o mundo, depende de nossa perspectiva: “Os espaços arquitetônicos e os objetos do cotidiano fazem parte de uma metáfora de como é difícil encaixar tudo o que molda nosso espaço diário: nossos relacionamentos, trabalho, ambições e sonhos”.

Em um único espaço comunitário, várias pessoas se cruzam sem nunca terem se conhecido. Pessoas dividem o mesmo espaço, mas levam vidas complemente opostas. É este o paradoxo da cidade grande, que acolhe e segrega, e que Cinta Vidal expõe lindamente nesta série.






