Sustentabilidade

Casal encontra boiando no mar salgadinho vencido há 20 anos

21 • 11 • 2019 às 11:47
Atualizada em 21 • 11 • 2019 às 14:36
Karol Gomes
Karol Gomes   Redatora Karol Gomes é jornalista e pós-graduada em Cinema e Linguagem Audiovisual. Há cinco anos, escreve sobre e para mulheres com um recorte racial, tendo passado por veículos como MdeMulher, Modefica, Finanças Femininas e Think Olga. Hoje, dirige o projeto jornalístico Entreviste um Negro e a agência Mandê, apoiando veículos de comunicação e empresas que querem se comunicar de maneira inclusiva.

Enquanto fazia uma trilha com a namorada em Cananéia, no litoral de São Paulo, o professor Paulo Roberto Baldacim Junior, de 24 anos, encontrou uma embalagem de salgadinho, no encontro do mar com o mangue.

O que chamou a atenção do casal foi a data de validade estampada no produto, 2001.

“Estava há uns cinco metros do mar. De início, eu achei incrível, já que adorava esse salgadinho exatamente nessa época, quando eu era criança, mas então me lembrei que isso já faz quase duas décadas e, infelizmente, aquele objeto não tinha se decomposto. Atrás tinha a data de validade, que estava um pouco apagada. Só conseguia ver o dia, o mês, e um pouco da parte inferior da embalagem, o que me fez pensar: ‘se era de 2001 ou 2007’, porém uma rápida busca na internet me mostrou que aquela embalagem era comum em 2000, e em 2007 já havia mudado o design”, contou Paulo.

O professor diz que resolveu postar o ocorrido nas redes sociais como forma de conscientização e informação aos amigos, já que muitos colegas são especialistas ambientais. Ele destacou que a embalagem deveria estar há praticamente 20 anos no mar. A postagem teve grande repercussão, rendendo milhares de compartilhamentos em poucas horas.

“Por algum motivo – negligência ou esquecimento – a embalagem que fora usada em seu consumo final por menos de dez minutos foi deixada na praia, então engolida pela maré alta e esquecida como uma ruína da civilização ocidental, ruína essa que demorará décadas para degradar (sic)”, escreveu o professor.

Em entrevista ao G1, a professora de Química da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes) Cristiane Sampaio, explica que o plástico utilizado em embalagens como a encontrada pelo casal leva de 100 a 400 anos para se decompor. Ou seja, ela poderia ter sido encontrada daqui a 100 anos ainda em condições parecidas com as atuais.

“Temos também o problema do micro plástico, já que esse material vai se ‘quebrando’ no mar, devido ao sal e ao sol, e é ingerido pelo animal. Como existe uma cadeia alimentar, desse animal que come o material, que pode ser um peixe, por exemplo, o plástico também vai para o organismo humano.

De acordo com a especialista, o plástico representa um risco ao planeta. “Ele é um grande inimigo, causa muito mal a vida. Tanto que há uma estimativa que, se permanecer do jeito que está, vai chegar um tempo em que terá mais lixo no mar do que animais marinhos”, finaliza.

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