O filme ‘Marighella’, adaptado do livro ‘Marighella: O Guerrilheiro que Incendiou o Mundo’, de Mário Magalhães, e dirigido por Wagner Moura, conta a história do ex-deputado e guerrilheiro comunista Marighella, interpretado por Seu Jorge.
A produção vai virar série na Globo em 2020. O longa deveria chegar aos cinemas brasileiros em novembro, mas teve sua estreia cancelada após atrito entre a produtora do filme e a Agência Nacional do Cinema (Ancine), que que tem sido alvo de polêmica reestruturação, cortes e vetos pelo governo do presidente Jair Bolsonaro.
O longa já havia sido exibido em festivais internacionais como o ‘Festival de Berlim’ e recebeu elogios da crítica especializada. Em agosto, a O2 Filmes teve dois pedidos de recurso negados para a comercialização de ‘Marighella’. A decisão foi tomada por unanimidade pela diretoria da Ancine. Um dos pedidos negados foi o requerimento do ressarcimento de despesas de mais de R$ 1 milhão, pagas com dinheiro da produtora. Já o segundo questionava se a verba para comercialização do filme poderia ser adiantada.
Cena de ‘Marighella’, que vai virar série na Globo
A negação de recursos foi comemorada por Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente, pelo Twitter. Na publicação, ele disse que a película teria sido aprovada em outros tempos, mas não atualmente. Na época, a declaração do político gerou debates nas redes sobre censura, já que o governo atual havia agido para impedir a exibição de um comercial do Banco do Brasil considerado “fora da linha do Presidente”.
Logo depois desse primeiro embate, em setembro, a produtora O2, corresponsável pela obra ao lado da Globo Filmes, anunciou que não conseguiu cumprir com os trâmites exigidos pela Ancine e cancelou a estreia brasileira.
A solução da Globo Filmes seria então exibir o filme em forma de série, dividido em quatro partes. Contudo, a assessoria de comunicação da Rede Globo de Televisão não confirmou estes planos para a sua programação. Confira o trailer de Marighella.
Karol Gomes é jornalista e pós-graduada em Cinema e Linguagem Audiovisual. Há cinco anos, escreve sobre e para mulheres com um recorte racial, tendo passado por veículos como MdeMulher, Modefica, Finanças Femininas e Think Olga. Hoje, dirige o projeto jornalístico Entreviste um Negro e a agência Mandê, apoiando veículos de comunicação e empresas que querem se comunicar de maneira inclusiva.