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Cada vez mais, o ambiente dos festivais mostra sua potência e importância para espalhar educação e cultura. Sendo no nordeste então, em meios às alegrias e tristezas deste 2019, a força só aumenta. Quando digo que a 5ª edição do Festival Radioca ecoou, quero dizer exatamente isso: o que foi ouvido em Salvador, emanou pr’além da Bahia de Todos os Santos. Ao longe, artistas de todos os cantos puderam ser ouvidos com sentimento de missão cumprida: a mensagem chegou.
5º ano em cinco dias, foi vrau atrás de vrau. Dos shows na acolhedora Arena do Teatro Sesc-Senac Pelourinho aos muitos que ocuparam a Chácara Baluarte, a música brasileira mostrou sua relevância num cenário efervescente. Com 6 mil pessoas circulando entre os 16 shows de mais de 90 artistas da nossa nova e consagrada música.
Na primeira noite, a Sala Principal do TCA recebeu toda a virtuose de Tim Bernardes (SP), Tiganá Santana (BA) e Amaro Freitas Trio (PE) em uma noite intimista. Conectadas por um lado pela vivência em São Paulo e por outro na inclusão de sintetizadores no som, os shows de Livia Nery e Luiza Lian deram o tom novo e belo logo no início do festival.
As apresentações na arena Sesc entoaram o profundo feminino em composições lindíssimas. Ambas com seus primeiros álbuns completos, mostraram que o eletrônico e o analógico convivem na mais plena harmonia. E sim, ainda é música popular brasileira já que somos muito mais do que as antigas bossas.
Livia chegou ainda no dia seguinte novamente ao Sesc para sentar ao lado de Josyara e Tulipa Ruiz em um Papo Musicado sobre suas composições. Aquela sexta, dia 7 de novembro, era de festa em Salvador. Desde cedo, as pessoas circulavam felizes, vestidas em sua maioria de vermelho. Tal e qual as três artistas no palco. Era dia de liberdade.
Elas contaram as histórias de seus descobrimentos como artistas e produtoras, falaram sobre parcerias e inspiração. Ponto em comum, as três estão morando em São Paulo, “lugar onde as conexões acontecem”, como bem definiu Tulipa. Cantaram sobre seus caminhos interiores, se abriram para um público ávido por conhecer suas experiências.
A conversa, sabiamente mediada pela radialista Daniela Souza, teve lindas participações do público. Artistas em diferentes fases da carreira buscavam conselhos e trocas com as cantoras e compositoras. Tudo fluindo para os encontros depois dali, no Rio Vermelho. Além das muitas pessoas que ocupavam as ruas em festa, a Primavera Te Amo reuniu produtores e artistas num after regado a muita música.
Os dias mais intensos de Radioca chegaram no final de semana. A Chácara Baluarte, até então pouco conhecida mesmo pelos soteropolitanos foi das melhores surpresas. Um espaço lindo, com a cara do festival, misturou o line up sem defeito com jardim e pôr do sol.
Os dois palcos dois palcos acolheram no sábado, João Donato (AC) e Tulipa Ruiz (SP), Afrocidade (BA), Tuyo (PR), Mestre Anderson Miguel (PE) – com participação de Siba (PE) – e Tangolo Mangos (BA). No domingo, foi a vez de Céu (SP), Lazzo Matumbi (BA), Dônica (RJ), Illy (BA), Abayomy (RJ) – com participação de Saulo Duarte (PA) – e Jessica Caitano (PE).
Para uma ocupação dessas, nesses tempos, os patrocínios que possibilitaram uma estrutura tão afinada para atender ao que a produção queria passar para o público. “A sempre teve um público cativo a cada edição, mas cada vez mais a gente consegue investir mais em mídia e sair da bolha de comunicação”, explica Carol Morena, curadora e coordenadora geral do Festival Radioca.
A cidade que já foi o foco do axé e do Carnaval, de 5 anos para cá vem chamando atenção por outros estilos, muitas vezes inclassificáveis. No Radioca vimos esse fator com força no trabalho de Lívia Nery, mas também no Afrocidade, no Tangolo Mangos e no Tiganá Santana.
“Salvador está muito no foco, musicalmente falando, o que é incrível. Mas esses artistas sempre estiveram aqui. A gente sempre teve uma música muito rica e muito diversa. Por um lado, alguns artistas e bandas, como o Baiana System, meteram o pé na porta. Por outro lado, uma galera se profissionalizou mais”, diz Carol.
Mostrando ainda mais a fundo os trabalhos, a Rádio Tropical Transforma tinha um estúdio todo de vidro montado em meio à Chácara. Ali, o radialista Patrick Torck4 fazia entrevistas ao vivo que podiam ser vistas e ouvidas por todos os presentes, nos intervalos dos shows. Ele, que comanda a Frei Caneca FM – melhor rádio pública desse Brazél -, no Recife, nos deixou por dentro dos trabalhos e caminhos de cada artista que passou pelo Festival.
Dos shows mais esperados do Radioca, a união entre João Donato e Tulipa Ruiz não poderia ter sido mais linda. Com cenário e produção finíssima, Céu arrebatou o último dia reunindo todos que aguardavam pelo show de seu novo álbum. Já a surpresa boa ficou com o show da orquestra carioca Abayomy, com participação de Saulo Duarte, em uma explosão de afrobeat.
“Gera trabalho e economia pr’além da música. Hoje você tem uma música brasileira riquíssima que hoje não consegue chegar no mainstream. A gente que trabalha com cultura é a nossa própria matéria de experiência”, diz Saulo Duarte.
Ocupando a Chácara, a Feira Pedra Papel Tesouro (PPT) era um pedaço de perdição. Peças de arte, paisagismo, artes gráficas e moda criativa me puseram doida nos dois dias. O evento também teve feira de vinil, além da praça de alimentação com o clássico acarajé, crepes, sushis veganos, pizzas e hambúrgueres.
Um giro de economia, de arte, de educação, de troca. Como concluiu Saulo, “a gente tá muito carente se estar junto, se amar, se fortalecer. Vida longa aos festivais independentes!”. Que a cultura siga tendo a força e o aporte financeiro para chegar mais longe e, sim, seguir ecoando dentro e fora do Brasil. Um brinde ao Radioca!
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