Diversidade

Homofobia de radialista contra apresentador do ‘Jornal Nacional’ reforça urgência de diversidade

18 • 11 • 2019 às 15:55
Atualizada em 18 • 11 • 2019 às 16:06
Yuri Ferreira
Yuri Ferreira   Redator É jornalista paulistano e quase-cientista social. É formado pela Escola de Jornalismo da Énois e conclui graduação em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo. Já publicou em veículos como The Guardian, The Intercept, UOL, Vice, Carta e hoje atua como redator aqui no Hypeness desde o ano de 2019. Também atua como produtor cultural, estuda programação e tem três gatos.

Matheus Ribeiro foi o primeiro jornalista assumidamente homossexual a apresentar o ‘Jornal Nacional’. Foi no último sábado (9) que o âncora comandou a principal bancada do telejornalismo brasileiro. Entretanto, muitos comentários homofóbicos surgiram após Matheus aparecer no ‘JN’.

– ‘Espero o dia que isso não seja mais notícia’, diz Matheus Ribeiro após estreia no JN

O radialista Luiz Gama escreveu um tweet bastante ofensivo sobre a Matheus, dizendo que ele só estaria fazendo sucesso por ser LGBT  e que “queimar a rosca agora é moda”.  Confira o comentário do jornalista na íntegra:

“Puts! onde o Brasil vai parar? Queimar a rosca agora é moda. Um apresentador de telejornal de qualidade média virou a bola da vez no jornalismo nacional só porque revelou que sua rosquinha está à disposição. A qualidade profissional que se f…”, afirmou.

Matheus na bancada do Jornal Nacional

Luiz Gama foi afastado da Rede Bandeirantes de Goiânia após os comentários homofóbicos e sofreu pressão de usuários nas redes sociais. O grupo de comunicação se pronunciou sobre a atitude preconceituosa do profissional em nota.

“A diretoria da Rádio BandNews Goiânia afastou o narrador Luiz Gama, que fazia parte de seu quadro esportivo, após comentários que foram interpretados como de cunho racistas e homofóbicos. A decisão foi comunicada ao vivo pelo âncora Marcos Villas Boas, na manhã dessa segunda-feira. Ao defender os princípios de defesa contra ataques relacionado à cor da pele ou orientação sexual, Villas Boas disse que a emissora não manteria em seus quadros “quem não dança de acordo” com essas convicções”, afirmou a Band News.

Os advogados de Matheus Ribeiro dissseram que irão tomar as medidas cabíveis contra o apresentador e que repudiam os comentários homofóbicos feitos por Luiz Gama. “Atos como esse só contribuem para a cultura de desrespeito e violência que permeia nossa sociedade. Lamentamos que em pleno 2019 ainda tenhamos que combater esse tipo de preconceito na imprensa brasileira”, afirmou Carlos Maia, advogado do âncora.

Na luta por representatividade

Matheus Ribeiro não é o único símbolo da crescente representatividade na Rede Globo e na televisão no geral. Maria Júlia Coutinho é uma importante figura no jornalismo televisivo. Desde sua entrada como apresentadora de meteorologia no ‘JN’ até a sua recente chegada ao comando do ‘Jornal Hoje’, a apresentadora é um símbolo para as mulheres negras na televisão.

Maju é uma das principais figuras da Rede Globo e batalha contra o racismo

Maju, no entanto, enfrenta ataques racistas desde sua primeira aparição na TV. Mesmo assim, ela garante o espaço de direito com profissionalismo (e incomodando muita gente). A âncora é uma das principais cotadas para assumir a bancada do ‘Jornal Nacional’ no futuro.

Outra global que quebrou padrões foi Camila Pitanga, ao assumir seu namoro com uma mulher de maneira bastante simples. Nas suas palavras, “sou bissexual. Pronto e acabou”, disse à coluna de Leo Dias. A maneira simples e não alarmista pela qual a atriz fez a revelação mostra que estamos dando alguns passos à frente no que se refere a questão da homofobia.

Camila Pitanga assumiu ser LGBT sem alarde

A participação de pessoas LGBT, negras e mulheres em espaços de fama é importante para que as pessoas se sintam encorajadas a não negar quem elas são e para reduzir o preconceito dentro da nossa sociedade. Os comentários homofóbicos de Luiz Gama podem parecer inofensivos para alguns, mas demonstram que ainda estamos em um estágio muito complicado como sociedade e como país. Entretanto, já passamos por algumas mudanças, e Gama pode ser indiciado criminalmente por crime de homofobia.

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