Canais Especiais Hypeness
-
Adotar é Hype
-
Namore-se
Mesmo com a revolução sexual feminina despertada com o advento da pílula anticoncepcional, na década de 1960, a mulher que decide não ter filhos continuou sendo vista como um monstro pela sociedade. Hoje, com o despertar de uma nova onda do feminismo e as mulheres se libertando de diversas amarras, jovens decidem que não têm, nem nunca tiveram, o sonho de ter filhos. Este é o caso da assistente administrativa Karoline Alves, que realizou uma laqueadura aos 25 anos, a idade mínima para a realização da cirurgia no Brasil.
Hoje com 26 anos, a decisão foi muito bem pensada, e foi tomada quando a jovem ainda era adolescente, quando soube que a laqueadura existia. Segundo ela, ter filhos nunca fez parte de seus planos: “Sempre tive a certeza de que não queria ter filhos. Mesmo usando outros métodos anticoncepcionais, toda vez que atrasa a menstruação a gente fica preocupada”.
De fato, realizar uma cirurgia de laqueadura significa uma preocupação a menos na vida das mulheres que estão decididas a não ter filhos. No entanto, a sociedade desestimula as mulheres a realizá-la. Segundo Karoline, todas as histórias que ela ouvia sobre a dificuldade de fazer o procedimento a desanimavam: “Eu sempre ouvia que tinha que ter dois filhos para poder fazer. Mas não faz sentido. E quem não quer ter filho nenhum?”.
Foi então que, aos 25 anos, ela decidiu correr atrás da legislação e realizar a cirurgia. Após muitas pesquisas, Karoline descobriu que 25 anos é justamente a idade mínima exigida pela legislação para mulheres que quiserem fazer a cirurgia de esterilização — e que mulheres mais jovens também podem fazer o pedido se tiverem pelo menos dois filhos.
Na hora de consultar uma médica especializada, o medo de não ser “aceita” era tanto, que a jovem levou a lei impressa. “Foi um alívio. Eu achei sinceramente que seria mais difícil”.
Depois de realizar a laqueadura, Karoline compartilhou seu relato no Facebook. O post teve mais de 20 mil curtidas e foi compartilhado mais de 11 mil vezes. Milhares de mulheres perguntando sobre a cirurgia e querendo saber das burocracias envolvidas, já que pretendem fazer o mesmo. São milhares de jovens brasileiras que já decidiram não ter filhos, mas que são desestimuladas. Como se a mulher não tivesse nenhum controle sobre seu próprio corpo e não fosse capaz de tomar uma decisão como esta.
“Eu quis compartilhar minha história para que outras mulheres com o mesmo desejo saibam que é possível, para que elas não desanimem”, diz a jovem. “A gente tem que correr atrás dos nossos direitos”.
A Lei de Planejamento Familiar, estabelece que a esterilização só é permitida em pessoas capazes, maiores de 25 anos, ou, se forem mais jovens, que tenham pelo menos dois filhos vivos. A partir dessa idade, as únicas exigências são quanto aos procedimentos que precisam ser seguidos: é preciso um intervalo mínimo de 60 dias entre a pessoa manifestar a vontade ao médico pela primeira vez (por escrito) e o procedimento, e a pessoa precisa ser informada dos riscos da cirurgia, dos possíveis efeitos colaterais, da dificuldade de revertê-la e das outras opções de contracepção existentes.
Os planos de saúde no Brasil são obrigados por determinação da Agência Nacional de Saúde a oferecer laqueadura, vasectomia e implantação do DIU desde 2008, quando foram incluídos na lista de cobertura mínima obrigatória.
O Estado também tem, por lei, o dever de oferecer o procedimento de esterilização através do Sistema Único de Saúde — o SUS. Pelas regras do Ministério da Saúde, a cirurgia pode ser feita de graça em qualquer hospital público que tenha serviço de obstetrícia e ginecologia. Caso não haja médico ou hospital no plano que esteja disponível para realizar o procedimento, a operadora do plano é obrigada a indicar um “profissional ou estabelecimento mesmo fora da rede conveniada do plano e custear o atendimento”.
Publicidade
A reabertura do comércio em Santa Catarina, decretada pelo governador Carlos Moisés (PSL), pode ter um custo alto...
Anos Incríveis é daqueles seriados que marca a vida de uma geração. Exibido nos Estados Unidos entre os anos de...
Você pode até não ser ligado ao mundo da moda, mas já deve ter ouvido falar por aí nas irmãs Hadid. Bella e Gigi...
Quem anda no transporte público tem duas opções: colocar os fones de ouvido ou escutar a prosa alheia. O Guilherme,...
O Dia do Indígena de 2021 marca um dos momentos mais decisivos para a gestão de Ricardo Salles à frente do...
A Lei de Acesso à Informação (LAI) foi instaurada em 18 de novembro de 2011 para reafirmar o direito de acesso à...
Ela abriu os caminhos para o que chamamos de influenciador digital. Já se vão cinco anos, muito tempo quando se trata...
A Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (FDUL) amanheceu com um caixote de madeira cheio de pedras e...
Tempos de liquidez pedem análises minuciosas sobre os fatos. No caso do Brasil, é inviável entender a constituição...