Diversidade

Viola Davis critica Hollywood por ter cogitado Julia Roberts para papel de abolicionista negra

28 • 11 • 2019 às 13:01
Atualizada em 28 • 11 • 2019 às 13:21
Karol Gomes
Karol Gomes   Redatora Karol Gomes é jornalista e pós-graduada em Cinema e Linguagem Audiovisual. Há cinco anos, escreve sobre e para mulheres com um recorte racial, tendo passado por veículos como MdeMulher, Modefica, Finanças Femininas e Think Olga. Hoje, dirige o projeto jornalístico Entreviste um Negro e a agência Mandê, apoiando veículos de comunicação e empresas que querem se comunicar de maneira inclusiva.

Saber que Julia Roberts chegou a ser cogitada para o papel da abolicionista negra Harriet Tubman deixou a atriz  Viola Davis muito irritada com as práticas racistas persistentes em Hollywood.

“É simples: Julia Roberts como Harriet Tubman é ridículo. Isso quase não merece uma resposta. Isso é ridículo. Eu entendo que a indústria de filmes é sobre comércio e dinheiro, eu entendo. Mas isso é ridículo”, declarou a vencedora do ‘Oscar’ e do Emmy para a revista MadameNoire.

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A notícia sobre Roberts saiu na coluna do roteirista Gregory Allen Howard no jornal Los Angeles Times. Segundo ele, o estúdio sugeriu Roberts como nome para interpretar Tubman nos cinemas. Aparentemente, os produtores do filme não sabiam que Tubman foi uma mulher negra e, quando descobriram, a ideia não foi adiante. 

Se insistissem nessa escolha para o papel a produção teria duas opções: embranquecer Harriet para o tom de pele da atriz ou escurecer Roberts, praticando black face. Ambas as alternativas são extremamente racistas. Isso sem contar que tiraria a oportunidade de uma atriz negra interpretar a figura histórica. 

A abolicionista Harriet Tubman / a atriz Julia Roberts

De acordo com um estudo divulgado pela Universidade do Sul da Califórnia, personagens negros constituem 14% dos papéis de Hollywood, número que se equipara aos 13% de afrodescendentes da população americana.

No entanto, 17% dos filmes examinados no estudo não tinham nenhum personagem negro, e metade das obras tinha uma porcentagem menor que a da população negra. Ou seja, alguns filmes com elencos predominantemente compostos por atores afrodescendentes compensam por outros sem um sequer.

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Para Viola, esta situação exemplifica a importância da representatividade em Hollywood em frente e atrás das câmeras principalmente. Se a equipe trabalhando no filme tivesse negros em sua composição, essa confusão não teria acontecido.

“É sempre preocupante que, quando as pessoas questionadas sobre raça, diversidade e inclusão são as pessoas que precisam disso e não as que estão no poder”, refletiu a atriz.

Bom, só nos resta encerrar essa notícia com uma frase da própria Viola em seu inspirador discurso no ‘Emmy’ de 2015. Ironicamente ou não, ela inicia com uma citação de Harriet Tubman, e depois é categórica. “A única coisa que separa mulheres negras de qualquer pessoa é oportunidade. Não se pode ganhar um Emmy por papéis que não existem”.

Fada sensata, né?

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