Ciência

Ártico aquece em uma década o mesmo que o resto do planeta em 137 anos, mostra estudo

09 • 12 • 2019 às 19:01 Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Enquanto os malucos da conspiração seguem criando explicações mirabolantes e teorias delirantes para justificar as alterações climáticas, a ciência segue explicando e a natureza, adoecendo – os fatos, afinal, não se importam com debates absurdos e seguem se dando. Uma pesquisa atual mostra que a temperatura da Região Ártica aumentou a mesma temperatura nos últimos dez anos que toda a Terra nos últimos 137 anos. Escrito por 15 pesquisadores internacionais, o estudo mostra que, enquanto o planeta inteiro, desde o início dos anos 1880, aumentou sua temperatura em cerca de 0.8ºC, na última década a temperatura do Ártico aumentou em 0.75ºC.

A situação sugere uma ampliação ainda mais intensa da crise ambiental e climática no planeta, de acordo com a pesquisa. “Muitas das mudanças da última década são tão dramáticas que nos fazem pensar o que a próxima década de aquecimento nos trará”, diz Eric Post, professor da UC Davis em mudanças climáticas e líder da pesquisa. “Se ainda não estamos diante de um novo Ártico, estamos no limiar disso”. Com a Terra se aproximando do perigoso limite de aquecimento de 2ºC médios, em tal cenário os polos do planeta podem alcançar, em partes do ano, aumentos de 7ºC no Ártico e 3ºC na Antártica, um cenário inédito e catastrófico para o degelo nas regiões – e o problema evidentemente não ficará restrito às regiões.

“O que acontece no Ártico não fica no Ártico”, diz Michael Mann, professor da Penn State University e co-autor do estudo. As consequências para diversas regiões da Terra será a perda de vegetação, ondas de calor ameaçadoras, perigos para a vida selvagem, condições climáticas extremas e a perda de diversos meios de subsistência humana. Atualmente o aumento da temperatura na Terra está 1.1ºC acima da média do período pré-indústrial. Diante da atual realidade das práticas do planeta e da ausência de uma absoluta e incorruptível aliança internacional para conter em absoluto a tendência, estima-se que a Terra ganhe 3ºC até o fim desse século.

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