Ciência

Ela ficou 6 horas com o coração parado e conseguiu ser ressuscitada

06 • 12 • 2019 às 13:18
Atualizada em 06 • 12 • 2019 às 13:26
Karol Gomes
Karol Gomes   Redatora Karol Gomes é jornalista e pós-graduada em Cinema e Linguagem Audiovisual. Há cinco anos, escreve sobre e para mulheres com um recorte racial, tendo passado por veículos como MdeMulher, Modefica, Finanças Femininas e Think Olga. Hoje, dirige o projeto jornalístico Entreviste um Negro e a agência Mandê, apoiando veículos de comunicação e empresas que querem se comunicar de maneira inclusiva.

Parece um roteiro de Grey’s Anatomy, mas é história real: uma mulher foi trazida de volta à vida após ficar sem batidas no coração por seis horas, em um episódio distrito por médicos como “caso extraordinário”.

O nome dela é Audrey Schoeman, que desenvolveu uma hipotermia severa ao ser atingida por uma nevasca enquanto caminhava com o marido, Rohan, na Espanha, em meio ao inverno seguro do mês de novembro. Os dois são ingleses e passavam férias no país. Segundo a equipe médica, foi a maior parada cardíaca já registrada na Espanha.

Audrey fala a imprensa após acordar

O estado de saúde de Schoeman piorou enquanto aguardavam a equipe de resgate. Naquele momento, seu marido estava certo de que havia ficado viúvo.

Eu tentei sentir o pulso dela, mas não consegui sentir sua respiração, não consegui sentir seus batimentos”, contou Rohan em entrevista para o casal catalão TV3. 

Os socorristas chegaram duas horas depois, ponto em que a temperatura do corpo da britânica estava em 18ºC (quase metade da temperatura média do corpo). E, ao chegar ao hospital Vall d’Hebron, em Barcelona, ela já não tinha sinais vitais.

– Sobreviventes de acidentes posam para conscientizar sobre direção segura

Segundo os médicos, a mesma hipotermia que colocou Schoeman em perigo, também salvou sua vida. “Ela parecia estar morta”, afirmou. “Mas nós sabíamos que, num contexto de hipotermia, Audrey tinha chance de sobreviver”. Eles explicaram que a hipotermia protegeu o corpo e o cérebro de ser deteriorarem enquanto ela ficou inconsciente. É que, se a parada cardíaca tivesse acontecido em uma temperatura normal, a paciente não teria sobrevivido. 

O trabalho dos médicos foi uma corrida contra o tempo, para que a falta de oxigênio no corpo de Audrey não corrompesse suas atividades cerebrais. Eles rapidamente encontraram a solução em uma máquina especializada, capaz de remover sangue, infundindo oxigênio como fariam os pulmões e reintroduzindo o sangue oxigenado no paciente.

Os médicos reproduziram, em uma boneca, o procedimento realizado em Audrey para a imprensa

Quando a temperatura do corpo atingiu 30°C, eles usaram um desfibrilador para reiniciar o coração cerca de seis horas após o contato com os serviços de emergência.

E Audrey acordou.

Em entrevista a jornalistas, a britânica disse que não se lembrava das seis horas e que acordou sem saber o que estava acontecendo. 

Depois do resgate bem sucedido, ela passou 12 dias internada no hospital, restando apenas alguns problemas com a mobilidade e a sensibilidade de suas mãos por causa da hipotermia.

Os médicos agora têm expectativas de uma recuperação plena para Schoeman, que já está traçando metas: “quero voltar a caminhar no próximo semestre”.

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Fotos: Reuters


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