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Sexo ainda é tabu em pleno 2019 e o assunto geralmente é tratado de forma imatura ou conservadora. Indo na contramão do imaginário coletivo, o ensaio fotográfico brasileiro “Amor Fati” esbanja toda a sensualidade das mulheres com deficiência para mostrar que sexualidade e tesão não combinam com padrões sociais.
A iniciativa é do projeto ‘Meu Corpo é Real‘, criado pela estilista e consultora de imagem Michele Simões, que já foi entrevistada pelo Hypeness. A campanha, que se traduz do latim como “Amor ao destino”, é lançada no Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, celebrado em 3 de dezembro.
A data serve para trazer visibilidade e conscientização. Dentro da descoberta dos prazeres até o esclarecimento de dúvidas sobre o próprio corpo ou da saúde, essas mulheres por vezes são negligenciadas inclusive na área da saúde. “Eu me senti e ainda me sinto constrangida ao ir no ginecologista porque estamos falando de mais um território que não está preparado para lidar com mulheres com deficiência“, relata Michele, que dividiu com o Hypeness como é uma ida ao consultório médico após ficar paraplégica. “Já cheguei a ser atendida por uma médica que se sentiu surpresa à possibilidade de eu ter filhos. É uma ignorância completa, desde se falar sobre prazer até a própria saúde”.
Outra questão que sempre é tratada de forma descuidada é exatamente sobre a fertilidade feminina, pois muita gente deduz que todas as mulheres com deficiência seriam incapazes de exercer a maternidade. “De maneira recorrente elas são questionadas se podem ser mães. Por que surge essa associação imediata? A temática é muito ampla, mas de maneira geral existe um apagamento da sexualidade das pessoas com deficiência, que precisa começar a ser explorado, em relação aos desejos, ao pertencimento e até mesmo aos abusos“.
Rompendo preconceitos através da moda, a ação “Amor Fati” usa a lingerie como ferramenta de empoderamento. Foram convocadas seis mulheres com o intuito de abordar a vivência da sexualidade para romper com a imagem fragilizada e infantilizada das pessoas com deficiência, cultuadas pelo senso comum.
A curiosidade do público em geral vem da surpresa em se pensar que uma pessoa com deficiência faz sexo. Há um espanto. Então a gente quis trazer histórias de mulheres para dar luz à uma fala que precisa ser muito debatida – conta Michele, idealizadora da campanha.
O ensaio fotográfico carregado de sensualidade, feminilidade e delicadeza foi clicado por Dário Matos, contando com co-direção criativa e direção de arte de Sofia Stipkovic. A produção e styling é assinada por Isadora Diógenes; a maquiagem por Taísa Lira e as roupas são de marcas parceiras: Mundo Marcolina, Janiero Body of Colours e Intensify-me.
Juntamente aos cliques também foi lançado um mini documentário, elaborado pela filmmaker Lívia Cadete e a consultoria de acessibilidade Sondery, para dar sequência à desmistificação do assunto e incentivar o abandono aos estereótipos. As modelos relatam sua relação com o sexo e Bárbara Barros, uma das participantes, resume bem a sensação de invisibilidade ao dizer: “somos assexuadas para o mercado”.
Com má formação congênita nas pernas, a atleta paralímpica Raissa Rocha posou para o ensaio sensual pela primeira vez, aos 23 anos. Se na adolescência não se aceitava e nem se sentia bem consigo mesma, hoje afirma que o jogo virou. “Minha autoestima está sempre melhorando, mas amo meu corpo!”. O esporte ajudou a desenvolver sua confiança. O próximo desafio para a recordista brasileira no lançamento de dardos pode ser, talvez, entrar num sex shop, tarefa que ela ainda não fez e que parece ser um bloqueio para várias mulheres.
Leia mais: Por que a sexualidade das pessoas com deficiência ainda é tabu
Com o intuito de ampliar a noção sobre estes corpos, a produção audiovisual também leva ao público informações valiosas sobre as preliminares e a importância sensorial na hora de explorar o campo da intimidade com parceiros ou parceiras. Para a atleta paralímpica Jessica Messalli, o sexo começa no olhar, no toque nas costas, no cabelo:
“O contato sexual se torna muito mais amplo”.
Não é porque uma pessoa tem deficiência que ela deixa se sentir tesão, de ter hormônios à flor da pele, de gozar ou de se sentir simplesmente atraente ou atraída por alguém. Desejo não é romance, é pensamento: o cérebro é um órgão sexual, segundo a ciência. O que ainda falta mesmo é abrir a cabeça. E se organizar direitinho, todo mundo transa!
O minidocumentário completo está no site ‘Meu Corpo É Real‘, Instagram e Facebook. Mas você também pode assisti-lo abaixo:
Leia mais: 5 iniciativas mostram que pessoas com deficiência tem as mesmas necessidades que todas as outras
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