Arte

Museu decide comprar apenas obras de mulheres por um ano por reparação histórica

03 • 12 • 2019 às 22:00
Atualizada em 09 • 12 • 2019 às 10:54
Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Para se transformar a velha normalidade repleta de preconceitos, violências e desigualdades embutidas é preciso atitudes efetivas e concretamente transformadoras. Da mesma forma que a dívida histórica racial deve ser reparada não somente no discurso, mas principalmente com eficácia e oportunidades, o Baltimore Museum of Art (BMA), museu nos EUA especializado em arte moderna e contemporânea, decidiu combater diretamente a desigualdade de gênero e a pouca representatividade feminina em seu acervo – e determinou que por um ano só irá adquirir e exibir novas obras de artistas mulheres.

O Museu de Arte de Baltimore, nos EUA

A decisão se justificaria em qualquer instituição do mundo, mas os próprios número do BMA corroboram a necessidade do gesto: das mais de 95 mil obras expostas no museu, somente 4% são creditadas a artistas do sexo feminino – algo em torno de 3800 obras. A guinada englobará 13 exposições individuais, 7 apresentações temáticas e ainda outros eventos a serem agendados, desdobrados em parcerias com outras instituições e escolas para fomentar o debate a respeito da contribuição feminina na história da arte e o desenvolvimento dessa mesma frente na atualidade.

Autorretrato de Sarah Miriam Peale, a primeira artista mulher a ter um quadro no acervo do museu

A iniciativa, intitulada Vision 2020, é parte de um esforço realizado nos últimos anos pelo BMA para não só ampliar a representatividade feminina no museu, como também diminuir a desigualdade racial e de identidades sexuais e de gênero em seu acervo, a fim de representar de forma mais justa e profunda o largo espectro de indivíduos que de fato moldaram a história da arte.

Quadro de Amélie Beaury Saurel, também do acervo do museu

“A iniciativa serve para reconhecer as vozes, narrativas e inovações criativas de tantas mulheres extraordinárias e talentosas”, diz Christopher Bedford, diretor da instituição. “O objetivo é balancear essas proporções e reconhecer as formas com que as contribuições femininas ainda não recebem a atenção pública, acadêmica e crítica que merecem”, diz.

Interior do museu de Baltimore

Publicidade

Canais Especiais Hypeness