Debate

#OndeDói: Mulheres usam hashtag para expor abusos médicos

10 • 12 • 2019 às 13:16
Atualizada em 10 • 12 • 2019 às 13:27
Karol Gomes
Karol Gomes   Redatora Karol Gomes é jornalista e pós-graduada em Cinema e Linguagem Audiovisual. Há cinco anos, escreve sobre e para mulheres com um recorte racial, tendo passado por veículos como MdeMulher, Modefica, Finanças Femininas e Think Olga. Hoje, dirige o projeto jornalístico Entreviste um Negro e a agência Mandê, apoiando veículos de comunicação e empresas que querem se comunicar de maneira inclusiva.

Nina Marquetti tinha apenas 16 anos quando foi abusada sexualmente dentro de um consultório, pelo seu próprio médico. Como isso aconteceu dentro de um espaço privado, onde ela deveria se sentir segura e partindo de um homem cuja profissão é prestigiada, ela teve dificuldade de falar sobre essa experiência e denunciar.

Anos depois, Nina se tornou uma atriz profissional e traduziu os sentimentos da experiência em sua peça solo ”A Flor da Matriarca”. Ela também se tornou porta-voz da campanha #OndeDói pois falar de sua experiência a ensinou que não foi a única a passar por isso.

Nina Marquetti é porta-voz da campanha #OndeDói

Por meio da hashtag, Nina e outras mulheres estão expondo no Twitter suas experiências de assédio sexual em consultórios médicos. Outras tantas mulheres estão lendo os depoimentos e aprendendo sobre comportamentos de médicos que são aceitáveis e fazem parte da consulta e os que não fazem parte.

A campanha ultrapassou as redes sociais e ganhou uma plataforma online, criada para mapear casos de violência sexual cometida por profissionais da área médica e para acolher e orientar as vítimas desses casos. Segundo o site da #OndeDói, o recorte da Violência Sexual praticada por médicos, enfermeiros e outros profissionais da área da saúde é necessário por ser muito específico.

– 10 blogs, youtubers e sites para ficar em dia com as discussões feministas

A #OndeDói está coletando os depoimentos para analisar o número de casos, as regiões do país mais afetadas e as diferentes formas que a violência sexual assume em hospitais, clínicas e postos de saúde.

A idéia é transformar esses dados em uma cartilha ilustrada com o objetivo de orientar a população sobre os seus direitos e evitar que outros pacientes sofram esse tipo de violência.

Assédio Sexual

Desde campanhas como #MeToo#ChegadeFiuFiu, #PrimeiroAssédio e #MeuAmigoSecreto, o problema ganhado mais conscientização no Brasil – além de outras campanhas ao redor do mundo.

As mulheres têm se tornado cada vez mais cientes de seus direitos e feito denúncias. No Brasil, 97% afirmam que não têm liberdade de ir e vir sem sofrer situações de assédio sexual no transporte público, em carros de transporte privado ou em táxis, segundo pesquisa dos institutos Patrícia Galvão e Locomotiva, com apoio da Uber.

– Campanha incentiva mulheres a denunciar assédio sexual e moral no trabalho

Locais privados também não protegem as mulheres. Dados de uma pesquisa encomendada pela Você S/A e feita pela Talenses, consultoria de recrutamento executivo, revelam que 34% das 3 215 mulheres entrevistadas já sofreram algum tipo de assédio sexual no ambiente de trabalho. Entre os homens o número alcança 12%.

Denúncia

Por meio da Lei Número 13.718/18, a importunação sexual passou a ser considerada crime com pena entre um e cinco anos de prisão do infrator.

Se você foi vítima de violência sexual enquanto paciente, a plataforma #OndeDói tem também a função de conectar mulheres com organizações que oferecem Ajuda Emocional, Orientação Jurídica ou Ajuda Urgente.

Já assédio sexual na rua pode ser denunciado pelo SAC da empresa que cuida do transporte ou mesmo pelo 180.

Não deixe de denunciar também se o problema for dentro de uma empresa, entrando em contato com o RH.

Publicidade

Canais Especiais Hypeness